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Uma mulher tira uma foto na Praça da Cidade Velha em Praga, em 22 de março de 2021, onde milhares de cruzes foram desenhadas na calçada para relembrar um ano do primeiro paciente tcheco a morrer de coronavírus (Covid-19).
Uma mulher tira uma foto na Praça da Cidade Velha em Praga, em 22 de março de 2021, onde milhares de cruzes foram desenhadas na calçada para relembrar um ano do primeiro paciente tcheco a morrer de coronavírus (Covid-19).| Foto: Michal Cizek / AFP

Com milhares de cruzes pintadas na principal praça de Praga, a República Tcheca lembrou nesta segunda-feira (22) as mais de 25 mil pessoas que morreram de Covid-19 no país. Exatamente um ano depois do primeiro óbito pela doença, esta nação do leste europeu passa por um dos momentos mais críticos da pandemia.

De acordo com o site Our World In Data, em um ano morreram cerca de 2.316 pessoas a cada milhão de habitantes devido à Covid-19, o que rendeu à República Tcheca o pior índice de mortes per capita do mundo nesta pandemia, considerando os países com mais de um milhão de habitantes.

A República Tcheca aparece ainda como o segundo país com maior índice de mortes diárias nesta pandemia (19 por milhão), atrás apenas da Hungria. O número de óbitos no país mais do que dobrou desde o começo do ano, quando o país contava 12 mil falecimentos pela doença. Em 12 de março, foi registrado o recorde de mortes em um único dia: 220.

Embora o número de casos registrados diariamente esteja diminuindo, proporcionalmente, a situação epidemiológica da República Tcheca é mais grave do que no restante da Europa. Houve dois picos de infecções em 2021, no começo de janeiro e no começo de março, quando uma nova variante do coronavírus foi detectada no país – a mesma identificada no Reino Unido –, hospitais de algumas regiões ficaram sobrecarregados e um pequeno número de pacientes com Covid-19 teve que ser enviado a nações parceiras da União Europeia para tratamento.

Isso levou o governo tcheco a adotar estritas medidas de confinamento em 1º de março, que devem ficar em vigor até 5 de abril, após a Páscoa. As pessoas estão proibidas de viajar dentro do país, entre os distritos, e não podem se visitar. Todo o comércio, exceto supermercados, farmácias e outras lojas essenciais, estão fechados. As indústrias, porém, seguem funcionando.

“Somente graças (às medidas), somos capazes de manter o sistema de saúde funcionando”, disse o ministro da Saúde, Jan Blatny, em 18 de março, ao anunciar a extensão do confinamento até o começo de abril. “É óbvio que essas restrições fazem sentido e é por isso que temos que continuar com elas”.

Como o país chegou a esta situação? Segundo o próprio primeiro-ministro, Andrej Babiš, o seu governo cometeu "erros demais". Especialistas apontam para alguns desses erros que impactaram no aumento de casos desde o início de 2021: a reabertura de lojas antes do Natal devido à pressão popular, já que os casos estavam em queda na época; e a falha do governo em lidar com a nova cepa do vírus que surgiu no país no começo do ano, ao não sequenciar amostras suficientes para descobrir o alcance da nova cepa e como impedir que ela se espalhasse pelo país.

Outros problemas são comuns aos demais países, como a propagação de boatos, notícias falsas e teorias da conspiração, ou ainda o cansaço da população com as medidas restritivas impostas por causa da pandemia.

Vacinação

Quanto à vacinação, o país começou lento mesmo se comparado com outros países do leste europeu. Em 31 de janeiro deste ano, a Rep. Tcheca vacinava cerca 10 mil pessoas por dia, enquanto Hungria chegava a 20 mil; Polônia, 67 mil e Alemanha, 96 mil doses diárias.

Todos os países fizeram um esforço grande para acelerar a vacinação à medida que os imunizantes começavam a ser distribuídos pelo continente europeu. Com isso, a Rep. Tcheca conseguiu alcançar a marca de 35,906 doses neste domingo (21). Apesar do avanço, o país aplica menos doses diárias que seus vizinhos.

Com isso, em números absolutos, a República Tcheca está muito atrás, tendo administrado o total de 1,35 milhões de doses até o último domingo. Na mesma data Hungria chegou a 2,07 milhões; Polônia, 5,03 milhões e Alemanha, 10,86 milhões. O país europeu que mais administrou vacinas, o Reino Unido, já vacinou 30,28 milhões de habitantes, de acordo com o Our World In Data.

Leste europeu

Apesar de a República Tcheca ser o país que mais sofre atualmente, com infecções aumentando mais de 10 vezes mais rápido do que na Alemanha, Eslováquia, Hungria e Polônia estão enfrentando os surtos mais graves em meses. Além disso, vários países do leste europeu estão apresentando uma taxa de mortes maiores que a média europeia.

Para evitar as altas taxas de contágio, vários países estão voltando a introduzir lockdown parciais. A Polônia, por exemplo, reintroduziu medidas de bloqueio desde sábado (20), fechando a maioria de seus locais públicos e negócios não essenciais e cancelando todas as aulas presenciais por três semanas. No dia do anúncio, a Polônia registrou 26.405 novos casos de coronavírus e 349 mortes relacionadas à Covid-19.

O atual estado sanitário do leste europeu é um exemplo da importância de governo e sociedade estarem vigilantes enquanto durar a pandemia.

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