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Reservistas das Forças Armadas de Israel, em uma carta aberta divulgada nesta segunda-feira, acusam os líderes do governo e os principais comandantes militares do país de negligência na guerra no Líbano, e pedem uma investigação ampla a respeito da atuação deles.

A carta, divulgada pelo diário "Haaretz", é assinada por centenas de veteranos da campanha no Líbano.

Um general israelense afirmou que os militares do país eram "culpados do pecado da arrogância" nos 34 dias de guerra contra a guerrilha libanesa Hezbollah. As declarações aparecem em meio a uma onda cada vez maior de críticas devido à forma como a campanha militar foi realizada.

- Cometi um erro ao não preparar melhor a infantaria para a guerra - admitiu o brigadeiro-general Yossi Heiman, o chefe demissionário da infantaria e oficial do corpo de pára-quedistas.

As declarações foram dadas por ele no domingo e divulgadas um dia depois. As palavras de Heiman não têm relação direta com o manifesto dos reservistas.

Na carta, soldados da Brigada de Pára-Quedistas Ponta-de-Lança não questionaram a decisão de iniciar a guerra depois de o Hezbollah ter capturado, no dia 12 de julho, dois soldados israelenses. Havia um consenso entre a população israelense de que o uso da força era justificado.

Mas levantaram dúvidas sobre como o governo e oficiais de alta patente haviam conduzido a guerra, em que os militares de Israel não conseguiram dar um golpe fatal no grupo libanês nem impedir que o Hezbollah lançasse quase 4 mil foguetes contra seu território.

"No fundo, cada um de nós sempre soube que, em nome do objetivo único de proteger os cidadãos de Israel, colocaríamos nossas vidas em perigo", afirmou a carta, publicada uma semana depois de um cessar-fogo ter entrado em vigor. "Mas há uma coisa que não estávamos e não estamos dispostos a aceitar: a hesitação".

Medo

Os soldados, convocados para se apresentarem no dia 30 de julho, disseram que as manifestações de "medo" entre seus líderes podiam ser vistas em todas as partes.

"A hesitação fez-se presente na falta de ação, na falta de planos operacionais e no cancelamento de missões que recebemos durante os combates", afirmou a carta.

"Isso nos obrigou a ficar longos períodos em território inimigo sem um objetivo operacional e devido a motivos não profissionais. Ficamos ali sem tentar entrar em confronto com o inimigo".

Acusando as Forças Armadas de não se prepararem adequadamente para enfrentar o Hezbollah, os reservistas exigiram "a criação de uma comissão investigadora digna e ampla, a atuar sob a proteção do Estado". Tal comissão teria vários poderes, incluindo o de investigar o primeiro-ministro Ehud Olmert e outros membros do gabinete de governo.

Uma autoridade das forças de segurança, que não quis ter sua identidade revelada porque não teria autorização para falar com os meios de comunicação, afirmou à Reuters que os dados reunidos por agências de inteligência a respeito do poder de fogo e da posição do Hezbollah no sul do Líbano eram inadequados.

Segundo essa autoridade, em vários episódios os soldados israelenses foram enviados para vilarejos sem idéia do tipo de oposição que enfrentariam.

Os reservistas formaram a espinha dorsal das forças de combate de Israel nas guerras travadas anteriormente pelo país.

Depois da guerra de 1973, na qual o Egito e a Síria obtiveram vitórias iniciais e impuseram pesadas baixas a Israel, os reservistas assumiram a linha de frente nas críticas lançadas contra o governo. A primeira-ministra do país à época, Golda Meir, viu-se obrigada a renunciar.

Quase 1.200 pessoas no Líbano e 157 israelenses foram mortos no conflito mais recente, durante o qual vilarejos do sul do Líbano e áreas de Beirute foram total ou parcialmente destruídos pelos ataques aéreos de Israel. O norte israelense foi alvo dos foguetes do Hezbollah.

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