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Bagdá (Das agências internacionais) – Sob um forte esquema de segurança Mais de 15 milhões de iraquianos foram ontem às urnas para votar no referendo sobre a nova Constituição iraquiana, escrita pelos parlamentares eleitos em janeiro passado. Civis foram proibidos de portar armas, postos de fronteira e aeroportos foram fechados, e o trânsito de automóveis entre as Províncias iraquianas também não foi permitido. Em Bagdá, a votação começou com boa parte da cidade ainda sem eletricidade, derrubada por uma série de ataques rebeldes na noite de sexta-feira.

A Constituição iraquiana é o primeiro documento em décadas que permite a criação de um governo legítimo no Iraque.

De acordo com a lei iraquiana, para que a Constituição não seja adotada, deve haver rejeição em, no mínimo, três Províncias diferentes, por dois terços do total de iraquianos aptos a votar. Os sunitas – grupo iraquiano que mais se apõe à Constituição – são maioria em quatro das 18 Províncias iraquianas. O documento é aprovado por maioria simples.

Nas urnas, os iraquianos responderam:"Está de acordo com a minuta da Constituição iraquiana?". As cédulas eram escritas em árabe e curdo. A Comissão Eleitoral disse "esperar" oferecer os resultados da consulta até o fim desta semana.

Nos dias antes do referendo a missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no Iraque distribuiu mais de 5 milhões de cópias da Constituição: 3 milhões delas em árabe, 1 milhão em curdo e o resto em turcomano.

O texto foi criado e aprovado pelas duas maiores bancadas do Parlamento iraquiano – xiitas e curdos – e rejeitada pelos sunitas, minoria no governo, e também entre a população iraquiana: cerca de 20% seguem essa orientação religiosa, número bem inferior aos xiitas, que constituem cerca de 60%.

O texto, que começa com a frase "Nós, os filhos da Mesopotâmia", descreve o Iraque como um Estado federal – ponto que se tornou a principal divergência entre sunitas de um lado, e xiitas e curdos, de outro.

Líderes xiitas e curdos, marginalizados durante o regime do ditador Saddam Hussein, derrubado do poder em 2003, desejam uma autonomia no sul e norte do país, onde se concentram as reservas petrolíferas.

Líderes sunitas dizem que o novo texto divide o Iraque em três grandes distritos: os curdos ficam com o norte, os xiitas com o sul – duas regiões com grande produção de petróleo – e os sunitas com o centro e o oeste.

O federalismo foi o principal motivo, embora não o único, apresentado pela maioria dos grupos da comunidade árabe sunita para rejeitar a Constituição.

Mas autoridades iraquianas consideram fundamental a participação dessa comunidade no futuro político do país já que estimam que seu envolvimento nas instituições pode ser um grande passo para acabar com a violência.

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