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Soldado ucraniano descansa num posto de controle perto de Donetsk, área disputada entre Kiev e separatistas pró-Rússia | Fotos: Roman Pilipey/Efe
Soldado ucraniano descansa num posto de controle perto de Donetsk, área disputada entre Kiev e separatistas pró-Rússia| Foto: Fotos: Roman Pilipey/Efe

Fronteira

Ucrânia acusa russos de invadir território usando o comboio

Reuters

A Ucrânia declarou ontem que a Rússia lançou uma "invasão direta" contra o território ucraniano após Moscou enviar um comboio de caminhões com suprimentos de ajuda humanitária para o leste ucraniano, onde rebeldes separatistas enfrentam forças do governo. 

Moscou, que enviou milhares de soldados para perto da fronteira entre os dois países, alertou contra qualquer tentativa de "interromper" o comboio, embora não tenha especificado quais ações preparou caso as forças de Kiev intervenham. 

Kiev, por sua vez, disse que forças ucranianas não atacariam o comboio e permitiu que avançasse para evitar "provocações".

"A Ucrânia vai interagir com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha para que nós, da Ucrânia, não estejamos envolvidos em provocações de que detivemos ou utilizamos forças contra os veículos dessa chamada ajuda", disse o chefe de segurança nacional ucraniano, Valentyn Nalivaychenko.

O conflito na Ucrânia levou as relações entre Moscou e vários países do Ocidente ao pior patamar desde a Guerra Fria, com países ocidentais impondo sanções sobre Moscou, o que resultou em retaliação do Kremlin.

A Otan destacou tropas extras para Estados-membros que fazem fronteira com a Rússia.

Impaciência

Lugansk tem sido foco de conflito nos últimos dias entre rebeldes pró-Rússia e forças ucranianas — inclusive com batalhas nas ruas. Antes, Moscou havia expressado impaciência com a demora de liberação na fronteira do comboio russo com ajuda humanitária. "Todas as desculpas para atrasar a ajuda foram exauridas", disse o Kremlin, em comunicado.

  • Cruz usada por um militar da Ucrânia

A Rússia usou artilharia contra forças ucranianas tanto em seu território quanto dentro da Ucrânia, afirmaram ontem autoridades da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"O apoio da artilharia russa através da fronteira e dentro da Ucrânia está sendo usado contra as forças armadas ucranianas", disse a porta-voz da Otan, Oana Lungescu.

Os relatos da presença de artilharia russa dentro da Ucrânia, operada tanto por separatistas quanto pelas próprias forças russas, representam um novo aumento da instabilidade na região.

"Desde a metade de agosto, nós temos vários relatos sobre o envolvimento direto das operações russas de defesa aérea, de carregamento e das operações especiais no leste da Ucrânia", afirmou Lungescu.

"Nós também temos visto transferências de grandes quantidades de armas avançadas, incluindo tanques, veículos carregadores blindados e artilharia, para grupos separatistas no leste da Ucrânia. E há semanas ocorre um crescimento alarmante das forças russas em áreas próximas da Ucrânia."

Para o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Ras­­mussen, "ainda mais preocupante" é que o estabelecimento do Exército russo na fronteira coincide com a entrada do comboio com suposta ajuda humanitária no território ucraniano. "Essa é uma brecha flagrante dos compromissos internacionais russos, incluindo aqueles acordados recentemente em Berlim e em Genebra, e uma violação ainda maior da soberania ucraniana", afirmou Rasmussen.

Para a Otan, as atitudes russas aprofundam a crise e alimentam suspeitas sobre se o propósito do comboio é mesmo ajudar os civis ou reabastecer separatistas pró-Rússia.

Casa Branca condena "violação"

Agência Estado

A Casa Branca condenou ontem a "flagrante violação" da soberania ucraniana após um comboio russo de ajuda humanitária entrar em território da Ucrânia sem o consentimento de Kiev. O vice-conselheiro nacional de Segurança, Ben Rhodes, disse que o movimento dos caminhões através da fronteira fazia parte de um padrão de comportamentos russos preocupantes que indicariam apoio aos separatistas pró-Rússia.

Rhodes pediu que a Rússia mude de rumo ou vai enfrentar mais consequências. "Nós estamos dando aos russos uma mensagem clara que eles precisam remover seu comboio", afirmou Rhodes.

O conselheiro disse que a entrada do comboio no território ucraniano era uma "incursão direta", destacando que a Ucrânia não concordou com o avanço dos caminhões para além da fronteira. Rhodes afirmou que, se a Rússia não parasse o avanço do comboio, os EUA e seus aliados internacionais iriam tomar decisões sobre como intensificar as sanções contra o país.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirma que os caminhões avançaram porque a Ucrânia estava atrasando a liberação, o que resultaria em um longo impasse sobre o comboio. O Ministério das Relações Exteriores ucraniano considerou a entrada dos veículos uma violação grave das leis internacionais.

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