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A Justiça da Rússia, controlada pelo regime de Vladimir Putin, condenou nesta terça-feira (15) quatro jornalistas do país a cinco anos e meio de prisão por cooperarem com a Fundação Anticorrupção (FBK), organização fundada pelo falecido líder opositor russo Alexei Navalny.
Os jornalistas - Antonina Favorskaya, Sergei Karelin, Konstantin Gabov e Artyom Kriger - foram enviados para a prisão por supostamente participar de uma "comunidade extremista", uma referência à FBK, que foi banida do país pelo regime que controla o Kremlin.
Os quatro réus, contra os quais o Ministério Público havia inicialmente pedido cinco anos e 11 meses de prisão, ouviram o veredito dentro de uma cela de vidro no tribunal do distrito de Nagatino, em Moscou.
"Vai ficar tudo bem, pessoal. Não se desesperem. Cedo ou tarde, tudo isso vai acabar e aqueles que me condenaram vão para a cadeia", disse Kriguer ao saber do veredito.
Várias dezenas de familiares, colegas e apoiadores se reuniram do lado de fora do tribunal para mostrar seu apoio aos réus, informou o site de notícias independente Mediazona.
Ao contrário do que ocorreu durante todo o processo judicial, que foi realizado a portas fechadas, dezenas de pessoas finalmente foram autorizadas a entrar no tribunal nesta terça.
"Vocês são os melhores", gritaram familiares e amigos para seus entes queridos após a leitura da sentença.
A namorada de Kriguer disse à imprensa que "a luta não acabou" e que a defesa irá apelar da condenação.
Os quatro jornalistas foram detidos entre março e junho de 2024 por "participar da criação de materiais jornalísticos para os canais do YouTube dos apoiadores de Navalny".
Embora nenhum dos quatro fosse oficialmente membro da FBK e apenas escrevesse sobre suas atividades, o Ministério Público considerou a conexão suficiente para iniciar um processo criminal.
"Ser um jornalista honesto e profissional, e não um propagandista patético, é um crime e um ato de extremismo na Rússia de Putin", declarou Kriguer em suas considerações finais perante o tribunal na semana passada.
Kriguer, cujo tio também está cumprindo pena por um comentário feito em uma mídia social, afirmou que a Rússia de hoje reflete as características de qualquer país autoritário, servindo como um campo de concentração para seus habitantes e se comportando como um Estado agressivo em relação ao resto do mundo.
Favorskaya, correspondente do portal de notícias independente “Sota Vision”, foi a primeira a ser presa no último mês de março; seguida por Karelin e Gabov, colaboradores das agências Associated Press (AP) e Reuters, respectivamente, em abril, e Kriguer, jornalista da Sota Vision, em junho.
"Mesmo atrás das grades, precisamos falar sobre os acontecimentos e problemas da Rússia. Trabalhar em condições tão extremas é difícil, mas possível", destacou Gabov.
Nenhum dos réus admite ter colaborado com Navalny, que morreu em circunstâncias misteriosas em fevereiro de 2024 enquanto cumpria pena em uma prisão russa no Ártico.
Sua família, a oposição e o Ocidente acusam as autoridades de serem responsáveis por sua morte repentina, e o ditador Putin de impedir uma troca que poderia ter salvado sua vida.







