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O regime de Vladimir Putin devolveu os restos mortais da jornalista Victoria Roshchyna à Ucrânia com sinais de tortura e sem alguns órgãos, segundo informaram autoridades e investigadores de Kiev.
Victoria Roshchyna, capturada por militares russos em 2023, no sul da Ucrânia, desapareceu durante uma viagem a trabalho. Desde então, ela era mantida presa por Moscou, sem julgamento.
Membros da equipe de investigação que tiveram contato com o corpo da jornalista informaram que o cérebro, os globos oculares e parte da traqueia da vítima estavam faltando. Para os investigadores, a principal hipótese é de que essa foi uma tentativa da Rússia de disfarçar a causa da morte de Roshchyna.
A Rússia admitiu em abril do ano passado que havia capturado a jornalista. Meses depois, em outubro, a família da prisioneira ucraniana recebeu uma carta informando sobre sua morte, sem detalhes.
A partir disso, a rede de jornalismo colaborativo Forbidden Stories lançou uma investigação sobre a morte de Roshchyna.
Em fevereiro, a Rússia entregou seus restos mortais a Kiev junto a outros 750 corpos. Ela não foi identificada com sua própria identidade, sendo registrada nos documentos russos como um "homem não identificado" e a marcação "SPAS" em russo, sigla para morte por insuficiência cardíaca.
Uma análise de patologistas na Ucrânia revelou correspondência de 99% do DNA com Roshchyna. O Departamento de Guerra do Gabinete do Procurador-Geral afirmou que o estado do corpo tornou impossível identificar a causa da morte.
"As lesões corporais foram infligidas em vida, pelo que existe uma elevada probabilidade de ter sido exposta a tortura", acrescentou o comunicado sobre a investigação de Kiev.
O inquérito complementar revelou ainda que o corpo da jornalista apresentava indícios de uma autópsia feita na Rússia antes de ser devolvido à Ucrânia.




