A pressão internacional sobre o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, aumentou depois do massacre de segunda-feira no país. Segundo ativistas, mais de 100 pessoas foram mortas pela repressão, sendo ao menos 55 delas civis. Em pronunciamento, o porta-voz da Casa Branca Jim Carney disse que a queda de Assad é "inevitável". O Conselho de Segurança da ONU se encontrará nesta terça-feira para discutir a questão síria. Washington quer convencer a Rússia a apoiar a proposta da Liga Árabe, que pede a transferência de poder para o vice de Assad. Mas Moscou voltou a dar indícios de que vetará o documento.
"Enquanto governos tomam decisões sobre apoiar ou não (o presidente sírio) e que passos tomar sobre a brutalidade do regime Assad, é importante calcular e considerar o fato de que ele vai embora. O regime perdeu o controle do país e vai eventualmente cair", disse Carney.
Na manhã desta terça-feira, o vice-ministro do Exterior russo, Gennady Gatilov, disse que uma resolução nos moldes propostos da Liga Árabe colocaria a Síria no "caminho para a guerra civil". Gatilov disse à agência de notícias Interfax que não deve seguir as recomendações do Ocidente. Na segunda-feira, a Rússia anunciou que o regime Assad teria concordado em dialogar informalmente com membros da oposição em território russo. Mais tarde, os EUA voltaram a pedir por uma solução política na crise síria, mas Carney disse que não tinha detalhes do acordo que a Rússia teria feito com autoridades de Damasco.
"É importante que o Conselho de Segurança tome alguma decisão", disse o porta-voz americano. "Nós acreditamos que o Conselho não deveria permitir que o regime Assad ataque o povo sírio, enquanto rejeita a proposta da Liga Árabe por uma solução política."
Apesar dos rumores, o Conselho não deve votar nesta terça-feira uma resolução sobre Assad. Hoje, será apenas um dia de reunião, e, na quarta-feira, os países devem votar o documento. Às 20h (horário de Brasília), o premier do Qatar e o secretário-geral da Liga Árabe vão se encontrar com repórteres em Nova York.
Enquanto isso, ativistas relatam novos confrontos nos subúrbios de Damasco. Em Zamalka e Arbeen, intensos tiroteios foram ouvidos, e tanques foram vistos. A Coordenação Local de Comitês disse que Ghouta, também na periferia da capital, virtou uma "área de desastre" depois de quatro dias de cerco das forças do governo, e pelo menos 39 pessoas morreram no local.
Entre os mortos, crianças e mulheres
O Observatório Sírio de Direitos Humanos divulgou nesta terça-feira o detalhamento dos mortos no massacre de segunda-feira no país. Segundo o grupo, 55 civis teriam morrido, inclusive oito menores de idade e uma mulher. Quarenta pessoas morreram só na província de Homs - um dos maiores redutos anti-Assad da Síria. Entre os militares mortos, estariam dez desertores, 25 homens do Exército regular e seis agentes de segurança.
A última estimativa da ONU indica que mais de 5.400 pessoas morreram na Síria desde março do ano passado, quando começaram os protestos antigovernistas no país.
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