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Cristãos participando de um culto na Igreja Protestante Ucraniana em Kiev, na Ucrânia, em janeiro deste ano
Cristãos participando de um culto na Igreja Protestante Ucraniana em Kiev, na Ucrânia, em janeiro deste ano| Foto: EFE/EPA/SERGEY DOLZHENKO

Desde o início da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, a perseguição religiosa tem sido uma realidade brutal para muitos cristãos que vivem em áreas ocupadas.

É o que dizem os líderes da Igreja Batista ucraniana em um relato enviado no começo de abril ao presidente da Câmara dos EUA, o deputado republicano Mike Johnson. Neste relato, eles citam os intensos sofrimentos enfrentados por suas comunidades nos territórios ocupados que atualmente estão sob controle do Kremlin.

Segundo os líderes, autoridades russas responsáveis pela ocupação de Luhansk designaram desde 2022 a União Batista da Ucrânia como um “grupo terrorista” e ordenaram o fechamento de todas as 44 igrejas batistas da região.

A perseguição religiosa perpetrada pelos russos em regiões ocupadas na Ucrânia neste momento não se limita apenas aos batistas; outras comunidades cristãs, incluindo a Igreja Greco-Católica Ucraniana, também foram alvo de repressão. Um relato divulgado pela própria igreja em seu site em dezembro do ano passado afirma que todas as igrejas greco-católicas localizadas na região de Zaporizhzhya foram banidas, e líderes religiosos foram impedidos de realizar suas missas legalmente.

Além disso, propriedades da igreja foram transferidas para as autoridades administrativas russas que ocupam a região, e seus líderes foram impedidos de registrar legalmente seus ministérios.

“Os ocupantes justificam sem fundamento a proibição das atividades da Igreja Greco-Católica Ucraniana no território ocupado da região de Zaporizhzhya alegando o suposto armazenamento de ‘explosivos e armas de fogo no território onde ficam os edifícios religiosos e instalações auxiliares’, bem como pelo fato de que as atividades da Igreja Greco-Católica Ucraniana são realizadas ‘em violação da legislação sobre organizações religiosas e públicas da Federação Russa’”, diz o comunicado.

Conforme informações do National Review, a perseguição neste momento contra os cristãos ucranianos é vista como “mais intensa do que durante a era soviética”, com centenas de igrejas destruídas e líderes religiosos sendo submetidos a “torturas e detenções arbitrárias”.

De acordo com relatos, a Rússia tem perseguido de forma sistemática uma ampla gama de igrejas cristãs em territórios ocupados dentro da Ucrânia. Até mesmo a Igreja Ortodoxa Ucraniana, que é parte da Igreja Ortodoxa Russa, cooptada pelo ditador Vladimir Putin, tem sido alvo das forças de ocupação.

Segundo a Missão Eurásia, uma organização cristã americana, a Igreja Ortodoxa Ucraniana tem enfrentado “ameaças, ataques, prisões ilegais e tortura” por “reterem sua identidade ucraniana” e por “se recusarem a rezar pela ‘vitória das forças russas’” na guerra.

Nas demais igrejas ucranianas, muitos líderes religiosos, especialmente aqueles que vivem nas áreas ocupadas, estão expressando temores de que, com uma eventual vitória do regime de Putin sobre a Ucrânia, suas igrejas sejam banidas de uma vez por todas do país.

Em um relatório divulgado em dezembro do ano, em parceria com o Instituto de Liberdade Religiosa da Ucrânia, a Missão Eurásia revelou que quase todas as igrejas localizadas nos territórios ucranianos ocupados pela Rússia foram privadas do direito de realizar seus cultos, missas e encontros religiosos. A exceção foi para algumas Igrejas Ortodoxas que decidiram se adequar às regras de Moscou.

Ao todo, segundo o relatório da Missão Eurásia, 630 edifícios religiosos na Ucrânia foram danificados ou destruídos por mísseis, drones, ataques de artilharia, bombardeios e outras formas de violência perpetradas pela Rússia durante os anos de 2022 e 2023.

“Além disso, algumas estruturas religiosas foram deliberadamente saqueadas por soldados russos, fechadas ou convertidas em prédios administrativos pelas autoridades de ocupação”, diz o relatório.

"As comunidades de fé estão sob uma pressão incrível nos territórios ocupados", disse Sergey Rakhuba, presidente da Missão Eurásia. “A ideologia do mundo russo é monopolizar completamente a religião”, acrescentou.

Uma informação divulgada pelo National Review indica que diversos líderes cristãos detidos em territórios ocupados pela Rússia foram submetidos a torturas “generalizadas”, incluindo simulações de execuções, ameaças de estupro, tortura com uso de energia elétrica e espancamentos em grupo que, segundo o site, “duram horas”.

Os padres Ivan Levitsky e Bohdan Geleta, são exemplos desse procedimento russo. Em novembro de 2022, eles foram presos pelas autoridades do país de Putin em sua igreja, localizada em Zaporizhzhya, região ocupada pelos russos. Segundo informações do National Review, ambos foram "torturados sem piedade" antes de serem enviados para a prisão.

“Laços ocidentais” e “inimigas do povo russo”

Muitas igrejas nas zonas ocupadas pela Rússia na Ucrânia também foram fechadas sob acusações de terem “laços ocidentais” e de serem “inimigas do povo russo” e “extremistas”, isso pelo simples fato de realizarem suas missas ou cultos em ucraniano, apontou a Missão Eurásia. Ainda segundo a organização, autoridades russas nos territórios ocupados também estão espionando as casas dos fiéis e deportando diversos líderes religiosos.

“A invasão em grande escala da Rússia à Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro de 2022, piorou significativamente a situação das igrejas e outras comunidades religiosas. Ataques sistemáticos com mísseis e drones suicidas a infraestrutura civil, realizados pela Rússia até o presente momento, causaram destruição e danos a centenas de estruturas religiosas em toda a Ucrânia. A situação dos cristãos nas regiões ocupadas pela Rússia nas primeiras semanas da invasão, e que ainda estão sob controle russo, é especialmente difícil. Quase todas as comunidades religiosas enfrentam uma política repressiva que o Kremlin impõe não apenas na Rússia em si, mas também nos territórios da Ucrânia sob seu controle”, diz o relatório divulgado em dezembro.

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