Embora compartilhem o sucesso em suas iniciativas e a luta por justiça, as três ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz de 2011 têm trajetórias diferentes. Saiba mais sobre cada uma delas.
Jornalista e mãe de três filhos, Tawakkul Karman nasceu em Taiz, cidade no Sul do Iêmen que é um dos berços da resistência ao governo de Ali Abdullah Saleh. Hoje, aos 32 anos, ela vive em Sanaa, de onde lidera o grupo de defesa de direitos humanos Jornalistas Mulheres sem Correntes. Ela chegou a ser presa, em janeiro, e se tornou agora a primeira mulher árabe a ganhar o Nobel da Paz.
Lutando desde 2006 pelos direitos humanos e das mulheres, ela é uma das lideranças dos protestos inspirados nos levantes populares que derrubaram ditadores na Tunísia e no Egito, no início deste ano, na chamada Primavera Árabe.
Figura importante no islâmico Al-Islah, maior partido de oposição iemenita, ela foi elogiada pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e a primeira-dama Michelle Obama ao visitar os EUA para receber um prêmio internacional no início deste ano.
O pai de Tawakkul foi ministro da Justiça do governo Saleh. Isso não impediu que ela tentasse organizar grupos jovens para formar um conselho nacional com objetivo de fortalecer a oposição ao regime.
Sua prisão, no dia 23 de janeiro, em sua casa, provocou protestos no país, onde é raro ver mulheres na cadeia. Ela terminou sendo solta no dia seguinte. Entre os manifestantes, Tawakkul passou a ser chamada de "mulher de ferro", "mãe da revolução" e "espírito da revolução".Leymah Gbowee
Uma das ações mais conhecidas de Leymah Gbowee foi o protesto que reuniu milhares de mulheres, em Monrovia, em novembro de 2003, três meses depois do fim da guerra civil na Libéria. Elas pediam o desarmamento de combatentes que, depois do acordo de paz para encerrar o conflito interno, ainda estupravam mulheres e crianças de todas as idades.
Leymah também trabalhou com mulheres cristãs e muçulmanas para reduzir as tensões entre liberianos filiados às duas religiões (que representam, respectivamente, 40% e 16% da população do país). Entre as medidas que defendeu entre as mulheres estão as "greves de sexo" com os parceiros.
Mãe de seis filhos, Leymah trabalhou com liberianos que, quando crianças, lutaram como soldados de Charles Taylor. Depois do fim da guerra civil, ela se tornou líder da Comissão da Verdade e Reconciliação da Libéria.
Premiada internacionalmente, ela é desde 2006 a diretora-executiva da Rede Paz e Segurança - África, organização que trabalha com mulheres em Libéria, Costa do Marfim, Nigéria e Serra Leoa. Atualmente, ela vive em Acra, capital de Gana.
Segundo o Nobel, ela está entre as premiadas por mobilizar as mulheres "para além das linhas divisórias étnicas e religiosas para colocar fim à longa guerra na Libéria, e para assegurar a participação das mulheres nas eleições".Ellen Johnson-Sirleaf
Antes de chegar a cargos no Banco Mundial e na ONU e à presidência da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf trabalhou como faxineira e garçonete nos EUA para conseguir estudar no país. Mestre em administração pública pela Universidade de Harvard, sua trajetória inclui uma passagem pela prisão e o exílio no exterior.
Dois anos depois da rebelião de 2003 que levou à fuga do ex-presidente liberiano Charles Taylor, Ellen assumiu a presidência de um país sem estradas, sistema de fornecimento de água e de eletricidade, e Exército. Ex-ministra das Finanças nos anos 1970, ela prometeu então grandes mudanças: renovar a capital, melhorar o abastecimento de água e levar as crianças para as escolas.
O país, porém, ainda sofre inúmeras consequências dos anos de guerra. Com 72 anos, a primeira presidente de um país africano vai disputar a reeleição na próxima terça-feira. O Nobel pode ajudar sua candidatura. Críticos dizem que com toda a ajuda internacional recebida pela Libéria, seu governo poderia ter avançado mais.
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