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O ditador chinês, Xi Jinping, que está completando dez anos no poder
O ditador chinês, Xi Jinping, que está completando dez anos no poder| Foto: EFE/EPA/MARK R. CRISTINO

Após décadas de crescimento expressivo, a economia da China enfrenta um momento delicado: cresceu somente 3% no ano passado, segundo pior resultado desde 1976 – o desempenho mais fraco foi o incremento de 2,2% de 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19. Para 2023, a meta de crescimento estabelecida pelo governo chinês é de 5%, abaixo dos patamares pré-pandemia.

Essa desaceleração tem várias explicações, como os efeitos dos lockdowns severos da política Covid Zero (que começou a ser abolida apenas no final de 2022), a diminuição da produtividade chinesa, reflexo do envelhecimento da população, e o aumento da interferência estatal na economia desde a chegada de Xi Jinping ao poder, há dez anos.

Para piorar esse cenário, as hostilidades entre a primeira e a segunda economia do mundo não param de aumentar: após uma guerra tarifária e a disputa por semicondutores, Estados Unidos e China vêm trocando farpas na geopolítica, com Washington alertando sobre a possibilidade de Pequim ajudar militarmente a Rússia na guerra da Ucrânia, a ameaça chinesa de invadir Taiwan e a derrubada de um balão espião chinês sobre a costa atlântica americana em fevereiro.

A possibilidade de uma guerra entre as duas potências e a desaceleração econômica chinesa têm levado empresas e investidores a buscar alternativas ao gigante asiático.

A chinesa GoerTek, que fabrica para a Apple os fones de ouvido AirPods, está investindo US$ 280 milhões em uma nova planta industrial no Vietnã e está considerando uma expansão na Índia.

“Desde janeiro, muitos clientes estão nos visitando quase todos os dias”, afirmou o vice-presidente da GoerTek, Kazuyoshi Yoshinaga, em uma entrevista à Bloomberg. Segundo ele, a pergunta que mais tem ouvido é: “Quando vocês podem sair [da China]?”.

Ele estimou que atualmente 90% das empresas chinesas que fabricam produtos na área de tecnologia estão pensando em abrir unidades em outros países. “Recebemos pedidos de nossos clientes quase todos os meses: 'Vocês têm planos de expandir para a Índia?'”, exemplificou. “Acho que [essas empresas] não vão voltar. É uma estrada de mão única.”

Uma pesquisa feita junto a membros da Câmara Americana de Comércio na China (ACCC, na sigla em inglês), cujos números foram divulgados na semana passada, apontou que o país asiático é a principal ou uma das três principais prioridades de investimento para apenas 45% dos entrevistados – há um ano, 60% das empresas colocavam a China nessa posição.

De acordo com a ACCC, 12% das empresas ouvidas disseram que já estavam transferindo suas cadeias de suprimentos para outros países e outros 12% estudam adotar a mesma medida. Quase metade das empresas americanas entrevistadas que já estão na China afirmou que não planeja novos investimentos no país.

“A China está caindo no ranking como um lugar para se investir globalmente. Ainda é importante, mas não é [mais] um dos principais destinos para a maioria das empresas”, declarou Michael Hart, presidente da ACCC.

Investidor cogita Índia e Brasil

Deixar a China também tem sido uma preocupação dos investidores. O americano Mark Mobius, fundador da Mobius Capital Partners, disse em entrevista na semana passada à Fox Business que não estava conseguindo tirar seu dinheiro da China porque “o governo está restringindo o fluxo de dinheiro para fora do país”.

“O ponto principal é que a China está caminhando em uma direção completamente diferente daquela que Deng Xiaoping [ditador chinês entre 1978 e 1992] instituiu quando eles iniciaram o grande programa de reformas”, apontou o investidor, especializado em mercados emergentes.

“Agora você tem um governo que está adquirindo golden shares em empresas por toda a China, o que significa que ele vai tentar controlar todas elas... Portanto, não acho que haja uma perspectiva muito boa quando você vê o governo se voltando cada vez mais para controlar a economia”, destacou Mobius, que disse estar considerando “mercados alternativos”, como Índia e Brasil.

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