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Ofensiva do Estado

Santander confirma venda de banco na Venezuela

Governo espanhol considera negociação “respeitosa e normal” e diz que não haverá nenhum tipo de intervenção

Sede da filial do Santander, em Caracas: anúncio de nacionalização de um dos princiais bancos do país gera especulações | Juan Barreto/AFP
Sede da filial do Santander, em Caracas: anúncio de nacionalização de um dos princiais bancos do país gera especulações (Foto: Juan Barreto/AFP)
Veja os motivos que levam o Banco da Venezuela a ser um grande negócio |

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Veja os motivos que levam o Banco da Venezuela a ser um grande negócio

Madri e Caracas - O grupo espanhol Santander confirmou ontem que negocia com o governo venezuelano para vender a filial do banco no país, uma das principais instituições financeiras venezuelanas. Em um comunicado, a entidade presidida por Emilio Botín reconheceu que pretendia vender o banco a um investidor privado venezuelano, para o que foram alcançados "determinados compromissos’’ sem chegar a acordar a compra e venda. O banco espanhol soube, então, do interesse do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de nacionalizar o Banco da Venezuela, filial do grupo, o que fez com que atualmente haja "conversas’’ entre ambas as partes.

Fontes do mercado avaliam a filial venezuelana do Santander, o Banco de Venezuela, entre US$ 1,2 bilhão (R$ 1,9 bilhão) e US$ 1,9 bilhão (R$ 2,9 bilhões), embora a entidade espanhola não tenha confirmado estes números.

A vice-presidente do governo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, considerou ontem "muito provável’’ que se alcance um acordo "em breve’’, e afirmou que "não há nem vai haver qualquer tipo de intervenção’’ por parte do Executivo espanhol. Em sua opinião, é uma negociação "completamente respeitosa e normal, sem qualquer tipo de problemática especial’’.

Negociações

Na quinta-feira à noite, o vice-presidente venezuelano, Ramón Carrizalez, se reuniu com Michel Goguikian, presidente do Banco de Venezuela, conforme afirmou ontem um comunicado ministerial. Também estiveram nessa reunião, em que se discutiu "termos para a negociação de compra", o ministro de Finanças venezuelano, Alí Rodríguez, e o diretor do Banco Central da Venezuela (BCV, emissor), Felix Ribas.

Nas filiais do banco em Caracas havia comentários entre os clientes e certa preocupação com as conseqüências que o processo de nacionalização possa trazer para suas contas. Alguns manifestaram sua desconfiança em relação ao controle estatal, coincidindo com declarações de analistas que sustentam que os cidadãos venezuelanos "não têm uma boa opinião sobre a gestão econômica" do Governo Chávez "em seu conjunto".

Segundo o ex-gerente do BCV Domingo Maza Zavala existe a percepção de que o governo não está manejando adequadamente a indústria petrolífera estatal, nem os serviços de telefonia e de eletricidade, que foram nacionalizados no ano passado. Outra incerteza dos analistas e cidadãos é em relação às futuras intenções do governo em relação a todo o setor bancário e financeiro.

Para o analista Luis Vicente León, o anúncio de nacionalização do Banco de Venezuela era "esperável", já que o governo não conta com uma presença efetiva, com um grande banco, nesse setor. "Mas a jogada é mais difícil" que em outras nacionalizações, disse o diretor do instituto Datanálisis, que considera que é chave neste setor ter conhecimento financeiro suficiente.

O anúncio da nacionalização da filial do Santander no país foi feito pelo próprio Chávez, na quinta-feira, em reunião com associações católicas retransmitida em cadeia nacional de tevê.

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