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O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse nesta segunda-feira (30) que vai processar o site de notícias Mediapart por publicar um documento que diz comprovar que o governo do ex-líder líbio Muammar Kadafi doou fundos para sua campanha de 2007.

No momento em que Sarkozy luta a duras penas pela reeleição, sua equipe reage às afirmações de uma carta de 2006, supostamente do ex-serviço secreto da Líbia, que discute "um acordo de princípio" para dar 50 milhões de euros à campanha presidencial de Sarkozy.

A alegação, que dominou a mídia francesa a seis dias do segundo turno da eleição presidencial, atraiu um coro de negativas do lado de Sarkozy, mas pode não decidir a corrida, já tão perto de seu final, em um país onde os eleitores estão acostumados com frequentes investigações de escândalos.

"Iremos apresentar uma queixa contra a Mediapart," disse Sarkozy à rede de TV France 2. "Vocês realmente acham que, com o que fiz a ele, o senhor Kadafi teria feito uma transferência bancária para mim? Por que não um cheque nominal? É grotesco".

O mandatário, que conheceu Kadafi em Paris em 2007, foi um dos maiores apoiadores dos ataque aéreos contra o governo líbio durante o levante de 2011 na Líbia.

Aviões de guerra franceses foram os primeiros a bombardear as tropas leais a Kadafi na campanha conduzida pela Otan, que resultou na deposição e assassinato do líder líbio pelas mãos das forças rebeldes, em outubro do ano passado.

Sarkozy não disse sob que fundamentos legais irá processar site, mas qualificou o documento de "falsificação óbvia", afirmando que as duas pessoas na Líbia que teriam enviado e recebido a carta negaram envolvimento.

O empresário franco-libanês Ziad Takieddine, um dos homens que a Mediapart diz ter estado presente no acordo, disse ao jornal esquerdista Libération, em entrevista publicada nesta segunda-feira, que não estava lá quando o documento foi assinado, mas o chamou de crível.

A alegação chega em um momento decisivo para a campanha de reeleição de Sarkozy, quando ele se prepara para enfrentar o socialista François Hollande em um debate na TV que atrairá milhões de telespectadores na quarta-feira.

Uma pesquisa da Ipsos-Logica desta segunda-feira mostrou Hollande na frente com 53% de apoio contra 47% para Sarkozy. Um levantamento da Reuters de pesquisas recentes mostra uma média de 54% das intenções para o rival do atual presidente.

Entrevistado pela rádio Europe 1, Hollande não comentou diretamente o documento de Gaddafi, mas abordou acusações de Sarkozy e de outros de que a Mediapart é uma "célula esquerdista" cujo único objetivo é atrapalhar o mandatário.

"Este site já atacou personalidades de esquerda, tem uma equipe de jornalistas bem conhecidos", disse Hollande. "O sistema de justiça deve avaliar isso... se for uma farsa, o site será condenado".

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