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Programa nuclear

Sarkozy segue EUA e prega linha-dura contra o Irã

Argumentos franceses são substituídos por ameaça aos iranianos

Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

Paris – Sarkozy deu início a uma ação obstinada para tornar mais severas as sanções contra o Irã e obrigar o país a suspender seus programas de enriquecimento de urânio, programas que podem levar, apesar das negativas do presidente iraniano, o exaltado Mahmoud Ahmadinejad, à fabricação de uma bomba nuclear.

Toda a diplomacia francesa foi convocada: o ministro Bernard Kouchner visitará nos próximos dias a secretária americana de Estado Condoleezza Rice, em Washington. E, como sempre, o presidente Sarkozy faz um lance arriscado. Em junho ele já dera início a essa inflexão da posição francesa, com Condoleezza Rice, e depois em agosto, quando aproveitou suas férias para ir comer algumas lingüiças num churrasco no rancho de George W. Bush.

A posição de Sarkozy é clara: enfurecido com as trapaças e a teimosia dos iranianos, ele deseja substituir a estratégia francesa da argumentação pela ameaça.

Os iranianos têm de suspender o enriquecimento de urânio, foi o que se disse em agosto. Se eles se recusarem, então só restará uma alternativa catastrófica: "ou a bomba iraniana ou o bombardeio do Irã".

Sarkozy, claramente, admite a possibilidade de um bombardeio do Irã, como pensam alguns americanos, a começar pelo vice-presidente Dick Cheney.

Essa é a posição de princípio, uma posição bastante dura. Mas, do lado prático, que mudanças esperar? O Irã já foi objeto de sanções decididas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em dezembro de 2006 e em março de 2007. Mas essas sanções não sensibilizaram os exaltados de Teerã. Segundo Sarkozy, elas precisam ser mais severas.

Mas ele não quer que a decisão seja no âmbito das Nações Unidas, pois teme um veto da China e da Rússia. Assim, as sanções deveriam ser unilaterais, fora do âmbito do Conselho de Segurança. Nesse ponto, Sarkozy une-se aos Estados Unidos, que pregam uma ação severa contra o Irã e que decretaram unilateralmente sanções contra esse país.

Ao mesmo tempo, Sarkozy tenta "vender" o seu projeto aos outros países europeus. O ideal seria que a União Européia seguisse em bloco a estratégia do presidente francês. Mas há muitas reticências. A diplomacia francesa também vem tentando seduzir os países europeus mais influentes.

Sarkozy esteve há alguns dias em Berlim e fez a sua pregação à chanceler Angela Merkel. Ela (que não aprecia muito o presidente francês) acolheu bem a proposta, contudo os ministros do partido social-democrata, que faz parte da coalizão liderada por Merkel, rejeitam um engajamento nesse caso. Itália e Espanha também se mostram prudentes. Somente a Inglaterra aprova a doutrina Sarkozy. O perigo, então, seria a formação, no caso do Irã, de um "eixo dos duros", França, Inglaterra e Estados Unidos, com risco de se afastarem do resto da comunidade internacional. Sobretudo de Moscou e Pequim.

Essa campanha iraniana da nova diplomacia francesa confirma o que já vinha sendo observado, ou seja, Sarkozy pretende romper com seus predecessores cuja diplomacia, desde o general De Gaulle até Jacques Chirac, sempre foi marcada por um "antiamericanismo" ferrenho.

Alguns franceses se perguntam se é prudente um alinhamento de Paris com Washington no momento em que George W. Bush, no fim do seu reinado, está desacreditado no seu próprio país e no mundo.

Mas pode-se imaginar que os planos de Sarkozy sejam de longo prazo, ou seja, se estendem ao período pós-Bush.

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