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Argentina

Segurar a inflação é um dos desafios de Cristina Kirchner

Especialistas criticam manipulação do aumento de preços feita pelo atual governo

Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar | Roberto Custódio/JL
Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar (Foto: Roberto Custódio/JL)

Buenos Aires – Cristina Fernandez de Kirchner começará a governar a Argentina no próximo dia 10 de dezembro. No domingo, ela fez história aqui ao se tornar a primeira mulher eleita no país. A reportagem da Gazeta do Povo ouviu especialistas para saber o que se pode esperar do novo – "pero no mucho" – governo.

Uma idéia mais clara de como Cristina irá presidir só será possível daqui a cerca de um mês, quando ela nomear todo seu gabinete. Por enquanto, a expectativa é de que os próximos quatro anos sejam uma continuação dos últimos quatro. No entanto, manter o crescimento da era Néstor, de cerca de 8% ao ano, porém, será bastante improvável.

O grande número de programas sociais e de transferência de renda do atual governo só foi possível graças a uma manipulação de dados que fez sobrar dinheiro no caixa da Casa Rosada. O Indec (o IBGE argentino) alterou o índice de preço ao consumidor para manter a taxa de inflação oficial baixa. Economistas independentes garantem que o número chega a 20% em algumas regiões do país, mas oficialmente o aumento geral dos preços é de 8%. É baseado nesse índice que o governo corrige os vencimentos da dívida pública.

Crescimento

Até agora a tática foi benéfica para o governo, mas ela é insustentável, garantem economistas. "Considero que o desafio fundamental é aprofundar o caminho do crescimento econômico atraindo novos investimentos. Para isso é preciso reforçar o plano antiinflacionário, utilizando diferentes recursos da política macroeconômica, fundamentalmente fiscal e moderando a política distributiva", diz o economista Fabio Rodriguez, diretor-executivo da Fundação Capital, em Buenos Aires.

De acordo com Dante Sica, diretor da consultoria econômica Abeceb.com, Cristina manterá a política de "acordo" de preços do marido. Néstor usou o controle de preços do setor de comidas e energia como uma forma de aquecer a economia. "O governo não vai abondonar essa política. Algum tipo de consenso com os setores empresariais e sociais terá que ser feito para negociar o valor de salário, por exemplo", diz Sica.

País dividido

Politicamente, Cristina pega um país dividido. Sua eleição foi fácil, mas há uma classe média e alta das grandes cidades que não lhe concedeu o voto. O sucesso da primeira-dama vem dos votos daqueles que querem manter os benefícios recebidos nos últimos quatro anos – os mais pobres.

Para conseguir unificar o país terá que combater problemas conhecidos dos brasileiros. Por exemplo, como diz Julio Blanck, editor-chefe do jornal Clarín, um dos mais importantes da Argentina: "Dar solidez às condições de crescimento e investimento, acabar com a manipulação dos índices de inflação, corrigir os abusos dos gastos públicos, lutar a cada dia e a cada hora contra a insegurança, aumentar os esforços para remover os núcleos de pobreza e marginalidade."

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