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O senador opositor boliviano Roger Pinto completou nesta terça-feira (28) três meses refugiado na embaixada do Brasil em La Paz com a esperança que o governo do presidente Evo Morales lhe outorgue o salvo-conduto que requer para sair do país, informou à Agência Efe sua filha Denise. "Meu pai está bem. Com um sorriso no rosto e esperando, porque não nos resta nada mais que esperar", disse a filha, de 22 anos e estudante de advocacia, após visitar seu pai na embaixada brasileira.

O senador se refugiou ali no último dia 28 de maio, há 93 dias, argumentando que era vítima de "perseguição política" por acusar o governo de Morales de corrupção e conivência com o narcotráfico. Pinto, do partido conservador Convergência Nacional, tomou a decisão de refugiar-se porque temia ser detido por um dos mais de 20 julgamentos por suposta corrupção que as autoridades iniciaram contra ele, mas que o próprio considera pretextos para persegui-lo politicamente.

Na embaixada, o senador foi transferido há uma semana de um quarto próximo aos escritórios para outro "um pouco mais privado" que tem mais segurança, com grades na janela, e onde estão sua cama, uma mesa e uma pequena sala de reuniões, detalhou Denise Pinto. A filha do senador ratificou, da mesma forma que fizeram legisladores correligionários, seu pedido para que Morales dê a seu pai o salvo-conduto e que a comunidade internacional se pronuncie.

"Ele quer receber um tratamento igual ao recebido por Julian Assange", disse em alusão ao fato de Morales ter apoiado o Equador, que concedeu asilo em Londres ao fundador de Wikileaks e que reivindica um salvo-conduto para sair da Grã-Bretanha. A esposa e uma das três filhas do senador já estão no Brasil, fazendo trâmites para obter refúgio no país.

O deputado do Convergência, Adrian Oliva, insistiu nesta terça-feira, nas portas da embaixada brasileira, que o governo de Morales tem uma atitude ambígua no caso do asilo para Pinto e para Assange. "Ambos têm asilo político, é a mesma instituição, seja qual for a origem, a causa, a razão, ou o motivo, isso não interessa, mas o governo reivindica para o Equador o que não respeita para o Brasil", declarou Oliva à Efe.

O governo de Morales tachou a decisão do Brasil de dar asilo a Pinto de "equivocada" e "desatinada", ressaltando que não dará a permissão de saída e acusando o embaixador brasileiro, Marcel Biato, de pressionar e exercer uma "gritaria política" e não diplomática no caso.

Desde que Morales chegou ao poder em 2006, dezenas de opositores se refugiaram ou pediram asilo no Brasil, Peru, Paraguai, Estados Unidos e Espanha alegando perseguição, enquanto o governo sustenta que se trata de pessoas que fogem de processos de corrupção.

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