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A comissão de senadores que viajará à Venezuela para visitar presos políticos do país na quinta-feira (18) decidiu fretar um avião para chegar ao país vizinho.

DEM e PSDB afirmam que vão usar recursos próprios, do fundo partidário, para alugar a aeronave, depois do silêncio do governo venezuelano sobre a possibilidade de usarem avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para visitarem o país.

A decisão foi tomada pelo grupo, chefiado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), diante da demora da autorização do governo da Venezuela para o pouso do avião da FAB, que havia sido pedido ao Ministério da Defesa.

O presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), disse que os senadores devem sair de Brasília às 5h de quinta, com chegada prevista a Caracas (capital da Venezuela) pouco antes das 10h30 (12h em Brasília).

Os senadores vão passar o dia no país para tentarem se reunir com os presos políticos e seus familiares, e pretendem retornar ao Brasil na quinta à noite. Agripino disse que a oposição optou pelo jato fretado para conseguir cumprir os horários combinados com familiares dos presos.

Para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o silêncio das autoridades venezuelanas não deixa de ser entendido como uma negativa à entrada dos parlamentares de oposição brasileiros.

“Não houve uma negativa formal, é evidente que a falta de resposta não deixa de ser entendida como uma negativa. Mas é um rumor desnecessário porque a disposição da comissão é ir num avião de carreira [comercial].”

Aécio considera que a demora para a autorização pode ser interpretada como um veto de Maduro. “Passo a interpretar que não há uma vontade, na minha interpretação, de que estejamos lá. Mas há outras alternativas.”

DEFESA

O pedido de avião da FAB foi feito na semana passada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), ao ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), que o transmitiu a Caracas.

Nesta terça, Wagner negou que o pedido tenha sido indeferido pela Venezuela e disse não ter poderes para convencer o governo do país a aceitar o pouso da aeronave militar brasileira.

“O embaixador do Brasil na Venezuela sabe, já falou, evidentemente que o governo da Venezuela é soberano para isso. O adido militar já foi falar com a outra parte. Agora, eles [Venezuela] é que têm emitir a autorização”, disse.

Nos bastidores, senadores acusaram Wagner de trabalhar contra a ida de grupo, já que o PT é aliado do presidente venezuelano. “Isso não é verdade”, desconversou o ministro, após reunião com Renan Calheiros no Senado sobre o caso.

Renan também disse não acreditar na acusação. “Durante o processo, ele trabalhou para que houvesse um acordo com relação a essa visita, o requerimento foi aprovado, portanto não há nada fora do script ou do regimento”.

Além de Aécio, Aloysio Nunes, Agripino e Caiado, deverão ir a Caracas os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Sérgio Petecão (PSD-AC).

ACUSAÇÕES

Diante da demora, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), um dos principais defensores de uma posição mais dura da presidente Dilma Rousseff sobre a Venezuela, acusou o país na segunda (15) de negar o pouso do avião.

Ele disse que pedirá ao Senado que corte relações com a Venezuela e que o país seja excluído do Mercosul caso não autorize o pouso do avião da FAB com membros da oposição.

Caiado tentou suspender a sabatina de embaixadores indicados para o Peru e Dinamarca na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que ocorre nesta terça, e trocou farpas durante a reunião com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

As sabatinas acabaram acontecendo, mas Caiado promete impedir a votação de futuras indicações de embaixadores se o governo brasileiro não apresentar uma explicação “razoável” sobre a postura do governo da Venezuela em relação à visita dos senadores da oposição.

“Eu vou obstruir as sabatinas na comissão. É inaceitável o governo querer fechar os olhos para uma política tão truculenta da Venezuela. Os venezuelanos estão aqui todos os dias, sempre em aviões oficiais do governo”, atacou Caiado.

Em defesa do governo, Lindbergh disse que Caiado vive como na “guerra fria”. “A posição do governo brasileiro tem sido muito equilibrada com as duas partes. Tem violência dos dois lados, tem golpismo dos dois lados. Não vamos com essa, tratar alguns como heróis. Teve um presidente lá afastado do poder em 2002 com a participação de alguns desses [oposicionistas]”, disse Lindbergh.

“Eu entendo bem o apoio do PT ao Estado Islâmico e ao Estado Bolivariano”, rebateu Caiado.

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