Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Direitos humanos

Sentença de apedrejamento da iraniana Sakineh é suspensa

Caso de mulher condenada por adultério provocou protestos em vários países e mobilizou ativistas dos direitos humanos

Protesto contra o apedrejamento de Sakineh, em Roma: pressão internacional cresce e força Teerã a rever condenação | Creative Commons
Protesto contra o apedrejamento de Sakineh, em Roma: pressão internacional cresce e força Teerã a rever condenação (Foto: Creative Commons)

O Ministério de Relações Exte­­riores do Irã confirmou ontem que a sentença de morte por apedrejamento contra Sakineh Mo­­hammadi Ashtiani, acusada de adultério, foi suspensa. "O veredicto sobre o caso extramarital foi suspenso e está sendo revisto", afirmou Ramin Mehmanparast, porta-voz da chancelaria, à tevê estatal Press TV.

A embaixada iraniana em Londres, no Reino Unido, já havia anunciado meses atrás a suspensão da condenação por apedrejamento diante das duras críticas de diversos países pela crueldade da punição. O caso, contudo, continuou em julgamento.

Na véspera, o governo iraniano havia afirmado que países estrangeiros não devem interferir no sistema legal do país e deveriam parar de tentar converter o caso em "problema de direitos humanos".

O filho da iraniana disse nesta semana temer que a sentença fosse executada depois do fim do Ramadã, o mês sagrado de jejum dos muçulmanos que acabará em 10 de setembro. Em conversa telefônica com o escritor francês Ber­­nard Henri Levy, Sajjad Mo­­ham­­madi Ashtiani, 22 anos, lembrou que a lei islâmica permite que as execuções sejam retomadas após o mês sagrado.

Ele disse ainda estar sem notícias da mãe desde a suposta confissão exibida pela tevê iraniana em 11 de agosto. "As visitas semanais estão proibidas", afirmou o filho mais velho de Sa­­ki­­neh.

Na semana passada, Sajjad pe­­diu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo pedido de asilo foi rejeitado, que continue insistindo ante o governo do Irã para salvar sua mãe.

Ele contou que sua mãe foi cha­­mada à presença de um juiz, que a condenou a 99 chibatadas. "Isso por uma falsa acusação de difundir a indecência em razão de uma foto que se presumia era dela sem o hijab [um dos tipos de véus utilizados pelas mulheres iranianas]", afirmou o filho de Sakineh ao jornal britânico "Ob­­server".

Mãe de dois filhos, Sakineh foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que Sakineh era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio.

Mesmo assim, ela foi, paralelamente à primeira ação, julgada e condenada por adultério.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.