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O fim dos trabalhos da Assembléia Constituinte da Bolívia, previsto para agosto, pode se transformar no estopim de uma das mais graves crises da história recente da América do Sul. A parte do país conhecida como Meia Lua, formada principalmente pelos departamentos de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija, se prepara para deflagrar um confronto separatista armado de grandes proporções, caso as exigências de maior autonomia para a região não sejam atendidas pela nova Carta Magna. Segundo líderes regionais e analistas políticos, o movimento, chamado Nação Camba, tem milícias de cerca de 12 mil homens, armadas secretamente por lideranças locais. Fontes militares brasileiras temem que, em caso de conflito, o governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, intervenha a favor de Evo Morales.

- Seria o pior cenário - diz um militar de alta patente que pediu anonimato.

Três dos quatro departamentos fazem fronteira com o Brasil, numa extensão de 3.423 quilômetros. Um conflito armado na região representaria uma séria ameaça. O que se veria tão próximo do país seria um confronto capaz de trazer instabilidade em toda a região - devido a uma possível intervenção de Chávez e à participação de paramilitares colombianos, que estariam treinando os separatistas da Bolívia. Além disso, de Tarija saem 90% do gás destinado ao Brasil e à Argentina. Dois megacampos operados pela Petrobras ali produzem 80% do gás boliviano que o Brasil consome. O país continua dependente do gás da Bolívia, situação que tornou-se delicada após o decreto de nacionalização, que completa um ano no dia 1º de maio.

Medindo forças

Morales conta com um efetivo de cerca de 25 mil homens nas Forças Armadas, e nos últimos meses recebeu helicópteros e armas da Venezuela. Já os separatistas, além do treinamento recebido das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), estariam comprando armas israelenses.

— Só estamos aguardando o fim dos trabalhos da Assembléia Constituinte. Se não garantirem a autonomia que exigimos na Constituição, o caminho é a separação. Não existe meio termo, a situação é insustentável — disse Sergio Antelo, um dos líderes do movimento Nação Camba.

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