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O maior jornal da Argentina, o Clarín, foi impedido ontem de chegar às bancas por um bloqueio de sindicalistas na gráfica, que começou na noite de sábado e durou quase 12 horas. O fato ocorreu em meio a uma ofensiva do governo contra o Grupo Clarín, maior empresa multimídia do país, e logo após uma ameaça da Central Geral do Trabalho (CGT) de que mandaria "mil, dez mil, 20 mil trabalhadores às portas dos meios de comunicação" que publicarem denúncias contra o secretário-geral da entidade, Hugo Moyano.

A edição de ontem do jornal continha uma reportagem a respeito da investigação judicial sobre o patrimônio de Moyano, com algumas fotos das luxuosas propriedades dele, de acordo com o que informou o Clarín. Desde novembro, a gráfica do grupo foi cercada cinco vezes, mas esta foi a primeira, nos 65 anos de história, que o Clarín deixou de circular completamente, informou o periódico na página na internet (www.clarin.com).

Ontem, segundo o jornal, "a presença policial foi mínima e, em nenhum momento, tentou impedir o bloqueio". Políticos de oposição, associações nacionais e internacionais de jornalistas e outros formadores de opinião manifestaram-se contra o cerco e o classificaram como um ataque à liberdade de expressão. O único funcionário da administração federal a comentar o caso foi o ministro do Interior, Florencio Randazzo, que acusou o Clarín de realizar uma "operação para tergiversar a informação".

Conforme Randazzo, o episódio foi "um protesto sindical", o qual "não tem nada a ver com um atentado contra a liberdade de imprensa". O grupo que cercou a gráfica, de acordo com imagens do canal de televisão TN, era composto por mães com bebês de colo e filhos pequenos, empregados da gráfica e motoristas de caminhões do sindicato dos caminhoneiros, presidido por Pablo Moyano, filho do secretário-geral da CGT. Hugo Moyano também foi presidente desse sindicato.

Em nota, o Clarín lamentou o episódio e esclareceu que "é falso o argumento dos que tentaram mascarar o fato como uma suposta reivindicação trabalhista porque não existem conflitos coletivos em nenhuma das empresas do Clarín".

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