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Garota palestina refugiada no campo de Yarmuk segura cartaz onde se lê a frase: "Eu também tenho direito a um abrigo" | Mahmoud Zayyat/AFP
Garota palestina refugiada no campo de Yarmuk segura cartaz onde se lê a frase: "Eu também tenho direito a um abrigo"| Foto: Mahmoud Zayyat/AFP

A aviação do regime sírio bombardeou nesta terça-feira (18) o campo de refugiados palestinos de Yarmuk, ao sul de Damasco, onde os rebeldes pareciam dominar os combatentes favoráveis ao governo do presidente Bashar al Assad.

Várias incursões aéreas ocorreram na final da tarde contra Yarmuk, palco de violentos confrontos entre rebeldes e combatentes de um grupo palestino partidário do regime de Assad.

O campo de refugiados, que abriga dezenas de milhares de palestinos, está situado na linha de frente entre as forças do regime e os insurgentes.

Intensos combates ocorriam entre os rebeldes e membros favoráveis ao regime sírio da Frente Popular de Libertação da Palestina-Comando Geral (FPLP-CG) para tomar o controle do campo, e segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a rebelião conseguiu expulsar a maior parte dos milicianos palestinos de Yarmuk.

A UNRWA - agência das Nações Unidas encarregada dos refugiados palestinos - estimou que "ao menos 50% dos habitantes abandonaram o campo" e muitos seguiam para o Líbano.

Segundo um rebelde chamado Abu al-Sukan, "há uma grave crise humanitária no campo". "Não há hospitais, não há bombeiros, e as ruas são inseguras".

As mesquitas do campo divulgaram uma mensagem do Exército sírio convocando seus 150 mil residentes a deixar o local, dando o prazo de até as 12h00 local (08h00 de Brasília) desta terça-feira para que recolhessem suas coisas e saíssem.

Os cerca de 490 mil palestinos da Síria, em sua maioria muçulmanos sunitas, estão divididos em meio à rebelião contra o regime de Assad, que pertence ao ramo alauita do Islã xiita.

"Não há dúvida de que há palestinos combatendo os rebeldes. Nos três últimos dias vimos os cadáveres de combatentes palestinos mortos na batalha com a oposição na província de Damasco", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Segundo o OSDH, outros distritos do sul da Síria também foram bombardeados na noite de segunda-feira, o que deixava poucas alternativas para os residentes que tentavam escapar do acampamento.

A violência deixou 96 mortos - sendo 41 rebeldes, 21 civis e 34 soldados - nesta terça-feira, segundo o OSDH.

Na segunda, os confrontos deixaram 191 mortos, de acordo com o OSDH, que estima em 43 mil o número de vítimas fatais desde o início da rebelião, em março de 2011, convertida depois em guerra civil.

Neste contexto, o vice-presidente sírio, Faruk al-Shareh, manifestou abertamente na segunda-feira suas divergências com Bashar al-Assad ao se pronunciar a favor de uma solução negociada para o conflito na Síria, quando o presidente optou pela via militar para esmagar a rebelião armada.

Em uma entrevista ao jornal libanês pró-sírio "Al Akhbar", al-Shareh assegurou que as divergências sobre a saída da crise na Síria alcançam o mais alto nível do Estado.

"(Assad) não esconde sua vontade de escolher a opção militar até a vitória final (e acredita que) depois o diálogo político será realmente possível", indicou al-Shareh.

O vice-presidente sunita afirma ser partidário de uma solução negociada. "Nenhuma rebelião pode colocar fim à batalha com meios militares. Da mesma maneira, as operações das forças de segurança e das unidades do exército tampouco colocarão fim à batalha", assegurou.

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