Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Crise árabe

Síria tem dia mais violento desde o início de protestos

Pelo menos 29 manifestantes que protestavam contra o governo foram mortos pelas forças de repressão em partes diversas do país

Garoto curdo pede reformas na Síria, apesar de o governo ter concedido cidadania às pessoas da etnia, de modo a tentar apaziguar a revolta | Handout/Reuters
Garoto curdo pede reformas na Síria, apesar de o governo ter concedido cidadania às pessoas da etnia, de modo a tentar apaziguar a revolta (Foto: Handout/Reuters)

São Paulo - Forças de segurança da Síria ma­­taram ontem ao menos 29 pessoas numa violenta repressão a no­­vos protestos em várias partes do país contra o ditador Bashar As­­sad, disseram testemunhas e ativistas locais de direitos humanos.

O número de mortos é o maior registrado num único dia desde o início, em meados de março, de protestos por reformas no país, na esteira da onda de revoltas pelo mundo árabe.

"Nós temos os nomes de 17 manifestantes mortos em Deraa, e recebemos a informação sobre as mortes de dois manifestantes em Homs e três em Harasta", disse Ammar Qurabi, chefe da Orga­­ni­­zação Nacional da Síria pelos Di­­reitos Humanos.

Mais cedo, outro ativista, pe­­dindo anonimato, disse à agência France Presse por telefone que sete pessoas foram mortas em Deraa quando as forças de segurança abriram fogo com balas de borracha e de verdade, para dispersar manifestantes que jogavam pedras.

Segundo ele, "milhares de ma­­nifestantes deixando três mesquitas marcharam até o tribunal, mas as forças de segurança vestidas à paisana dispararam gás lacrimogêneo para dispersá-las". Em seguida, os manifestantes começaram a jogar pedras e o confronto piorou, inclusive com o uso de munição de verdade pelos policiais, afirmou o ativista.

Imagens da Al Jazeera mostraram uma multidão com centenas de pessoas protestando em Deraa. A Al Jazeera disse que só em Deraa foram mortos 27 manifestantes. Não foi possível verificar de ma­­neira independente o número de mortos porque o governo sírio impôs várias restrições ao trabalho da imprensa nas últimas se­­manas.

Em três semanas de manifestações, os número de vítimas já chega a ao menos 90, mas a Organi­­zação Nacional de Direitos Hu­­ma­­nos da Síria estima em 170 as ví­­timas.

Os episódios de violência têm se concentrado nas sextas-feiras, dia sagrado para os muçulmanos, quando multidões aproveitam a ida às mesquitas para, na saída, tomar parte nos protestos.

A maioria das mortes, 22, foi registrada em Daraa, ao sul de Da­­masco. A cidade, fronteiriça com a Jordânia, é o epicentro das revoltas contra o ditador Assad e tem sido isolada pelo governo sírio.

Ainda segundo os relatos de testemunhas, forças de segurança abriram fogo contra multidão estimada em dezenas de milhares de pessoas. Foram registradas ainda mortes em protestos num subúrbio de Damasco (três), Homs (três) e Douma (uma).

Outro lado

O regime sírio, por sua vez, relatou a morte de 19 policiais e membros das forças de segurança su­­postamente por obra de grupos vândalos.

A tevê estatal chegou a veicular imagens de encapuzados atirando de modo indiscriminado contra os manifestantes e forças do governo. Damasco atribui a on­­da de revoltas no país a gangues, em tentativa de diminuir a importância dos protestos.

Os novos protestos ocorreram apesar dos acenos a grupos oposicionistas feitos por Assad durante esta se­­mana.

Na quarta, o ditador revogou a proibição a que professoras deem aula com véu e fechou o único cassino da Síria, em um agrado aos conservadores muçulmanos. Um dia depois, concedeu cidadania à minoria curda do país – 10% da população de 22,5 milhões de pessoas.

A medida não surtiu efeito. E ontem protestos contra o Baath, partido do governo, foram registrados na região leste, onde os curdos estão concentrados.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.