
A Síria viveu ontem seu dia mais sangrento em 14 meses de revolta contra o ditador Bashar Assad. Ao menos 55 pessoas morreram e 372 ficaram feridas nas explosões de dois carros-bomba na capital Damasco.
Faltavam poucos minutos para as 8h (2h em Brasília) quando os explosivos foram detonados numa área movimentada no sul de Damasco, em frente de um prédio dos serviços de segurança.
De tão intenso, o impacto provocado pelas explosões foi sentido a quilômetros de distância, produzindo um cenário de devastação que lembrou os piores momentos da guerra civil no Iraque.
O atentado salienta ainda mais a complexidade da missão dos observadores da ONU, que estão no país para inspecionar o frágil cessar fogo em vigor há um mês.
Ninguém assumiu a autoria, repetindo o roteiro de ataques recentes: o regime culpou "grupos terroristas com ajuda estrangeira" e opositores acusaram o governo de forjar o atentado.
A tevê estatal colocou no ar imagens ao vivo e sem censura do massacre, mostrando corpos despedaçados e carbonizados, dezenas de veículos em chamas e duas grandes crateras na rua.
As explosões destruíram a fachada de um prédio de nove andares que abriga a maior base da inteligência militar do país, responsável por coordenar a repressão a opositores. Há anos o complexo funciona como prisão e centro de tortura, disseram ativistas da oposição.
Em um comunicado, o Ministério do Exterior disse que os carros-bomba tinham mais de uma tonelada de explosivos e eram conduzidos por terroristas suicidas.
Detonados quase simultaneamente, eles atingiram principalmente civis, mas o governo diz que há 11 militares entre as vítimas.
Terror
Várias crianças a caminho da escola foram mortas, segundo a imprensa estatal, que mostrou imagens de cadernos e cópias do Corão queimados. "Esse é mais um exemplo do sofrimento causado ao povo sírio", disse o general norueguês Robert Mood, chefe da missão da ONU, em visita ao local.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, que opera em Londres, estima que cerca de 12 mil pessoas foram mortas desde o início da revolta, em março de 2011.



