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A Turquia minimizou neste sábado a perda de um avião de guerra para as forças de defesa sírias, enquanto o presidente sírio, Bashar al-Assad, anunciava um novo governo, mantendo postos-chave, e 40 pessoas morriam em episódios de violência na Síria.

Ancara, um membro da Otan, indicou neste sábado (23) que um de seus jatos pode ter violando o espaço aéreo sírio, depois que Damasco confirmou ter abatido um F-4 Phantom. O comentário foi visto como uma tentativa de esfriar o desentendimento entre os ex-aliados.

O presidente turco, Abdullah Gul, disse que não é incomum aviões de guerra que voam em alta velocidade cruzarem fronteiras marítimas, assinalando que isto não acontece de forma intencional. As forças navais dos dois países buscam os dois tripulantes desaparecidos.

Ministros turcos discutiram os próximos passos, disse um diplomata à AFP, depois que o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, informou que Ancara "irá anunciar sua posição final e tomar medidas necessárias, com determinação, após o incidente ter sido totalmente esclarecido".

Assad anunciou a formação de um novo governo, com as pastas-chave de Relações Exteriores, Defesa e Interior inalteradas, enquanto a violência continuava no país.

O anúncio foi feito menos de dois meses depois de eleições parlamentares polêmicas terem sido boicotadas pela oposição. "O presidente emitiu o Decreto 210, formando um novo governo, liderado pelo premier Riad Hijab," anunciou a TV estatal.

O chanceler Walid al-Muallem permanecerá no cargo, assim como os ministros de Defesa e Interior, Daoud Rajha e Mohammad al-Shaar, respectivamente. Rajha, no posto desde agosto passado, está entre os punidos pelos Estados Unidos por seu papel no combate aos manifestantes sírios.

O novo gabinete, de 34 membros, assume o poder em meio a um aumento da repressão e dos confrontos, que, na semana passada, levaram à paralisação da missão de observadores da ONU.

Quarenta pessoas morreram hoje em episódios de violência na Síria, a maioria vítima de forças do regime, que atacaram redutos rebeldes em várias áreas. Os feridos incluem 10 soldados que tentaram desertar na província de Damasco, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

O jornal britânico "Guardian" publicou hoje que a Arábia Saudita irá pagar os salários do rebelde Exército Livre da Síria, para incentivar deserções em massa entre as forças de Assad.

A relação entre Turquia e Síria já havia sido estremecida pela condenação de Erdogan à reação sangrenta do governo de Assad, que, segundo ativistas dos direitos humanos, já matou mais de 15 mil pessoas desde março do ano passado.

O ataque ao F-4 é o incidente mais sério entre os dois países desde então, mas o vice-premier turco, Bulent Arinc, minimizou a tensão. "Devemos manter a calma. Sim, concordamos que este é um tema crítico, mas não temos informações claras", disse à agência de notícias Anatolia, assinalando que o resultado da investigação será divulgado "o mais cedo possível".

A Turquia já recebeu mais de 30 mil refugiados do conflito sírio, segundo sua chancelaria, e também abriga desertores daquele Exército, entre eles 12 generais.

Em Bagdá, o chanceler Hoshyar Zebari alertou para o perigo de que a crise síria se espalhe para países vizinhos: "Nenhuma nação está imune, por causa da composição das sociedades, as conexões, a dimensão étnica sectária."

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