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O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, anunciou nesta segunda-feira sua renúncia diante da iminente proposta de impeachment da coalizão do governo. O ex-chefe das Forças Armadas e parceiro dos Estados Unidos no combate ao terrorismo viu sua popularidade despencar nos últimos 18 meses e ficou isolado desde que seus aliados perderam a eleição em fevereiro. A coalizão do governo, liderada pelo partido da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, disse em 8 de agosto que planejava pedir o impeachment do presidente.

A coalizão governamental hostil ao chefe de Estado, formada em março, se comprometeu no início de agosto a iniciar o processo de destituição do ex-general. Depois de uma disputa política que se prolongou por semanas, o governo se dispôs a apresentar a moção de destituição ao Parlamento.

Pouco depois de sua renúncia, a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, afirmou que Washington é grato a Musharraf por ele ter escolhido lutar contra a Al-Qaeda, o Talibã e outros extremistas, acrescentando que os EUA vão continuar a ajudar o governo paquistanês a lutar contra esses grupos .

Musharraf assegurou que todas as acusações que a coalizão do governo preparou contra ele para conseguir sua cassação são falsas. Em discurso à nação transmitido pela televisão, ele justificou sua decisão de deixar o poder dizendo que queria evitar mais instabilidade. Para ele, este seria o resultado do processo de impeachment no Parlamento, que o Executivo anunciava para esta semana.

- Deixo o destino desta nação nas mãos do povo. Que eles (os paquistaneses) sejam os juízes e façam Justiça - disse o presidente, após um longo discurso no qual defendeu sua atuação tanto no campo econômico como no político nos quase nove anos desde que assumiu o poder.

Segundo Musharraf, a folha de acusações que os membros do governo prepararam contra ele está cheia de "acusações falsas".

- Tenho fé em que nem uma só acusação contra mim poderia ser provada, porque nunca pensei em meu próprio interesse, meu lema foi: Paquistão primeiro - disse.

Musharraf chegou ao poder em um golpe de Estado em 1999 e foi releeito de maneira polêmica em outubro de 2007. Pouco depois da reeleição, ele renunciou ao cargo de chefe do exército para tentar abrandar sua imagem autoritária. A popularidade do Paquistanês,caiu depois de sua tentativa de acabar com o poder do presidente da Suprema Corte e pela espiral de violência terrorista que sacudia o país.

Os ataques dos talibãs provocaram mais de mil mortos, incluindo a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto em dezembro. Ela acabara de regressar do exílio para combater os partidários de Musharraf.

O filho de Benazir Bhuto, Bilawal Bhutto Zardari, de 19 anos se tornou após a morte da mãe o líder do PPP. Eke comemorou o anúncio de Musharraf e afirmou que o próximo presidente do país será de seu partido.

- Depois do assassinato de minha mãe eu disse que a democracia seria a melhor vingança, e agora ficou demonstrado que eu tinha razão - declarou.

- O próximo presidente do Paquistão será, sem dúvida, alguém do Partido do Povo Paquistanês, mas ainda não sei quem - acrescentou falando à tv paquistanesa.

Musharraf afirmou que o processo de cassação contra ele responde a interesses pessoais e, "ganhe ou perca o ''impeachment'', em todo caso a nação será derrotada, sofrerá a dignidade do país". Ele acusou os membros do governo de enganar o povo paquistanês, mas também ressaltou que é seu dever tirar o Paquistão da atual crise.

Segundo Musharraf, embora tivesse superado a impugnação, as relações entre o governo e a Presidência não teriam melhorado, nem se teria superado o conflito institucional.

- O Exército poderia ter sido envolvido e eu não gostaria que isso acontecesse - destacou.

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