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Operação do Kremlin

SSD: a nova agência russa responsável por operações de sabotagem contra o Ocidente

SSD: a nova agência russa responsável por operações de sabotagem contra o Ocidente
O ditador da Rússia, Vladimir Putin (Foto: EFE/EPA/VLADIMIR ASTAPKOVICH/KREMLIN/POOL)

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A Rússia possui uma nova agência "secreta" de inteligência conhecida como Departamento de Tarefas Especiais (SSD), que possui neste momento uma única missão: conduzir operações de sabotagem, ataques e assassinatos em países ocidentais.

A informação foi revelada por fontes de inteligência do Ocidente em uma reportagem do jornal americano The Wall Street Journal, publicada no mês passado. Segundo a publicação, a unidade, que opera sob direção direta do Kremlin, tem como objetivo minar a influência ocidental, especialmente em meio à guerra na Ucrânia.

De acordo com autoridades de segurança ouvidas pelo jornal americano, o SSD foi estabelecido no ano de 2023 e está sediado no quartel-general da inteligência militar russa (GRU), em Moscou, num complexo conhecido como "o Aquário". Ele atualmente é liderado pelo coronel-general Andrey Vladimirovich Averyanov, um veterano das guerras da Chechênia e Afeganistão, e suspeito de envolvimento na explosão de um depósito de munições na República Tcheca em 2014. Seu adjunto, o tenente-general Ivan Sergeevich Kasianenko, é apontado como coordenador de ataques na Europa e responsável pela supervisão de operações clandestinas na África.

Atentados e operações de sabotagem

A reportagem do WSJ indica que o SSD consolidou diferentes divisões da inteligência russa, absorvendo partes do Serviço Federal de Segurança (FSB) e a Unidade 29155, conhecida por ataques de alto perfil, incluindo o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal no Reino Unido, em 2018. A nova unidade tem três funções principais: assassinatos e sabotagem em solo estrangeiro, infiltração em instituições ocidentais e recrutamento de agentes estrangeiros.

Entre as ações atribuídas ao SSD estão atentados contra infraestrutura militar e empresarial na Europa. A inteligência ocidental acredita que a unidade esteve por trás de um ataque incendiário a uma fábrica da empresa alemã Diehl, fornecedora de armas para a Ucrânia, além de um atentado frustrado contra Armin Papperger, CEO da Rheinmetall, gigante da indústria bélica.

Além disso, acredita-se que esta unidade também está por trás de tentativas de incendiar shoppings e mercados na Polônia e na França, bem como a conspiração para atacar supermercados e cafés na Ucrânia e explodir centros logísticos na Alemanha e no Reino Unido. De acordo com as informações, esses atos fazem parte da desestabilização russa no Ocidente, e servem ainda como uma forma da unidade testar novas táticas de sabotagem.

Alvos estratégicos e influência na guerra híbrida

Em sua maioria, os recentes ataques do SSD estão se concentrando em países que têm apoiado a Ucrânia contra a invasão russa. Fontes citadas pelo The Wall Street Journal indicaram que neste momento a Alemanha é principal alvo desta nova undiade, por ser considerada pelo Kremlin como um “elo fraco” dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), devido à sua dependência energética da Rússia e a atuais divisões políticas internas.

A criação do SSD reflete a visão do regime de Vladimir Putin de que Moscou está em meio a um "conflito total" com o Ocidente.

"A Rússia acredita estar em conflito com o que chama de ‘Ocidente coletivo’ e está agindo de acordo, chegando a nos ameaçar com um ataque nuclear e a fortalecer suas forças militares", disse ao WSJ James Appathurai, secretário-geral adjunto da Otan responsável por guerra híbrida.

Nicholas Drummond, analista de defesa britânico, alertou em artigo escrito para o tabloide Daily Express que essas ações de Putin representam "a maior ameaça à estabilidade global desde a Segunda Guerra Mundial".

Por sua vez, o pesquisador ucraniano Oleksandr Danylyuk afirmou em artigo escrito para o think tank britânico United Services Institute (RUSI) que "a Rússia está travando neste momento uma guerra não declarada contra o Ocidente e está obtendo sucesso significativo".

Os russos tem negado envolvimento em quaisquer ações de sabotagem contra o Ocidente. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, sempre classifica essas acusações como "totalmente infundadas" quando é questionado sobre o assunto em suas coletivas telefônicas diárias.

No entanto, segundo o The Wall Street Journal, documentos de inteligência ocidentais mostram que o SSD ainda está atuando de forma plena contra alvos ocidentais, apesar de ter diminuído nos últimos meses suas atividades, em uma estratégia de Putin para poder facilitar negociações diplomáticas com Washington, agora sob o comando de Donald Trump.

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