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Censura

Sul-africanos recorrem contra lei que proíbe jornalismo investigativo

A Assembleia Nacional que determina, entre outras coisas, pena de até 25 anos de prisão aos responsáveis pela publicação de informações de Estado consideradas sigilosas foi aprovada na terça

Um dia após a África do Sul aprovar um lei que proíbe o jornalismo investigativo no país, repórteres e ativistas prometeram continuar a lutar contra o decreto, classificado como um insulto pelo Nobel da Paz Desmond Tutu. Segundo opositores, a lei será submetida ao Tribunal Constitucional se o Conselho Nacional de Províncias e o presidente Jacob Zuma não adicionarem uma cláusula de defesa do interesse público na emenda.

A Assembleia Nacional que determina, entre outras coisas, pena de até 25 anos de prisão aos responsáveis pela publicação de informações de Estado consideradas sigilosas foi aprovada na terça-feira por 229 votos contra 107. Apelidada de de "Terça Negra" pelos sul-africanos, a aprovação não chegou a ser uma surpresa no país.

Desde o início da discussão da proposta, o partido do presidente Zuma, Congresso Nacional Africano (CNA), vem pedindo apoio de todos os seus parlamentares. Como o CNA tem maioria na Assembleia, o resultado era mais que esperado. Mas todos os partidos de oposição presentes votaram contra a medida.

Moloto Mothapo, do CNA, disse que a Lei de Proteção da Informação tem o objetivo de garantir a segurança nacional do país e negou que a meta da proposta seja calar os meios de comunicação.

"Está totalmente de acordo com a prática internacional. Estados têm obrigações constitucionais de proteger seu povo e sua integridade nacional", disse Mothapo.

Instituição de Mandela também condena medida

Além de penas rígidas, a lei dá amplos poderes para o Estado classificar informações como sensíveis ou secretas, mas não fala sobre como as fontes poderão ser preservadas ou quando e como poderão falar a jornalistas, levando em consideração o interesse público.

Além de Tutu, o ex-presidente Nelson Mandela também disse ter ressalvas sobre a lei, aprovada por seu próprio partido. O Centro de Memória Nelson Mandela disse na terça-feira que a medida falhou ao não conseguir equilibrar o direito de livre expressão com a proteção de secretos de Estado legítimos.

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