• Carregando...
Americano consulta o celular na fila de votação: eleitor urbano e conectado segue lei concebida para atender “colonos”. | Whitney Curtis/AFP
Americano consulta o celular na fila de votação: eleitor urbano e conectado segue lei concebida para atender “colonos”.| Foto: Whitney Curtis/AFP

Principal potência tecnológica do mundo, os Estados Unidos vão às urnas nesta terça-feira (8) para escolher seu presidente obedecendo a uma regra que foi criada há 171 anos para atender a uma população que era majoritariamente rural.

Uma lei de 1845 determina que a eleição presidencial sempre ocorra na terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro. Isso foi determinado porque, em meados do século 19, os Estados Unidos eram uma sociedade agrária – os cidadãos viviam em fazendas e tinham dificuldade para se deslocar para as cidades. Os domingos eram reservados para ir à igreja e as quartas-feiras, para as compras no mercado. Considerando que a viagem a cavalo ao local de votação poderia levar um dia, a terça-feira foi a opção escolhida.

Entenda o sistema

Além de atender à dificuldade de deslocamento dos eleitores, os americanos conceberam um sistema de eleição presidencial que privilegia o federalismo em detrimento do voto popular. O eleito não é necessariamente aquele que tem mais votos, mas o que vence em mais estados importantes.

O voto é universal. Todos têm direito a escolher um nome. Mas indireto e sem segundo turno. A eleição é realizada nos 50 estados e no Distrito de Columbia (que conta com a cidade de Washington e não faz parte de nenhum estado – equivalente no Brasil ao Distrito Federal).

Os eleitores votam no candidato a presidente. Quem vence em cada estado, leva os chamados “grandes eleitores” (delegados) para o colégio eleitoral – que é o órgão que efetivamente escolhe o presidente. No total são 538 delegados, e seu número varia de acordo com os estados, em função da população. Cada estado tem tantos delegados quanto congressistas na Câmara de Representantes (proporcional a sua população) e senadores (dois por estado).

Dessa forma, a Califórnia, por exemplo, tem 55 delegados, o Texas 38, Nova York 29 e a Flórida 29. No outro extremo, Vermont, Alasca, Wyoming e Delaware só contam com 3. Esses grandes eleitores irão escolher depois, no dia 19 de dezembro, de maneira oficial e meramente como uma formalidade, o presidente e o vice-presidente dos Estados Unidos.

Um candidato à presidência deve obter a maioria absoluta dos 538 grandes eleitores, ou seja 270. Em quase todos os estados, menos dois, o candidato que obtiver a maioria dos votos atribui todos os delegados do estado, esquema que elimina automaticamente os candidatos dos partidos pequenos e consolida o atual bipartidarismo de democratas e republicanos. Em Nebraska e Maine, os delegados são escolhidos de maneira proporcional a votação dos candidatos.

Estados indecisos

Devido ao esquema de votação, os candidatos concentram sua campanha em uma dúzia de estados que podem se inclinar para um lado ou para outro e influenciar no resultado final, os chamados “estados indecisos”. É inútil perder tempo em estados declaradamente democratas ou republicanos.

Os estados-chave mais importantes, que podem mudar de acordo com o tipo de eleição e com o ano, são aqueles com grande número de eleitores, como a Flórida (29), Pensilvânia (20) ou Ohio (18). Mas os pequenos também podem influenciar e não devem ser ignorados.

Outras votações

Além do sucessor de Barack Obama, os americanos irão às urnas neste 8 de novembro para renovar toda a Câmara de Representantes (a Câmara dos Deputados) e um terço do Senado. Votarão também para governador em 12 estados e em inúmeras propostas e cargos locais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]