O militar Bradley Manning, detido por suspeita de vazar milhares de documentos secretos dos EUA divulgados pelo site WikiLeaks, disse que as Forças Armadas americanas o mantiveram numa "jaula" de 2,43 metros quadrados no Kuwait e, depois, numa solitária na Virgínia. São as primeiras declarações feitas pelo soldado desde a sua prisão, no Iraque, em 2010.
Manning está sendo ouvido desde quinta-feira (29) por uma corte militar americana em Fort Meade, nos EUA. Uma moção apresentada aos magistrados argumenta que as condições às quais o suspeito foi submetido durante os nove meses em que esteve sob custódia da Marinha americana foram tão duras que o caso deveria ser encerrado.
"Eu me lembro de pensar 'eu vou morrer preso aqui nesta jaula'", disse Manning. - É como eu via aquilo, uma jaula para um animal. Cerca de um mês após sua detenção, o soldado diz ter sofrido um colapso nervoso. Em seguida, os militares encontraram um laço - que poderia ser usado para enforcamento - dentro da suposta jaula.
Em julho de 2010, Manning foi transferido para Quantico, na Virgínia, onde foi mantido numa solitária durante 23 horas por dia. Temendo que ele pudesse se ferir ou se suicidar, os militares o mantinham sob vigilância constante - com um guarda checando sua situação a cada cinco minutos. À noite, ele era obrigado a entregar as roupas de baixo.
Manning pode ser condenado à prisão perpétua. Os promotores o acusam de roubar e vazar cabos diplomáticos, relatórios militares e um vídeo que mostra um helicóptero realizando um ataque que matou dois jornalistas da agência Reuters no Iraque. Seus advogados defendem uma pena máxima de 16 anos. Ainda não está decidido se ele enfrentará a Justiça militar ou a comum.
O Wikileaks não confirma que o soldado seja a fonte do vazamento embora ele tenha trocado e-mails com Julian Assange, fundador do site.



