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Foto cedida pelo governo da Tailândia mostra três meninos do grupo que ficou preso na caverna em recuperação no hospital de Chiang Rai | HANDOUTAFP
Foto cedida pelo governo da Tailândia mostra três meninos do grupo que ficou preso na caverna em recuperação no hospital de Chiang Rai| Foto: HANDOUTAFP

A mobilização de mais de 1,3 mil voluntários e militares, tailandeses e estrangeiros, para salvar 12 meninos e o treinador do Javalis Selvagens, hoje o time de futebol mais famoso da Tailândia, terminou nesta terça-feira (10). Encontrados somente no nono dia de buscas, todos saíram sem lesões graves da caverna Tham Luang, onde entraram em 23 de junho para um passeio. Eles ficarão hospitalizados uma semana por haver risco de infecções, estresse pós-traumático e uma série de outras doenças.

Os quatro meninos que restavam e o treinador foram resgatados nesta terça, no 17º dia na caverna parcialmente inundada no norte da Tailândia, na fronteira com Mianmar e Laos. 

Os médicos conduziam uma bateria de testes nos garotos. Exames de raio X apontaram sinais de pneumonia em três deles. Todos têm sido tratados com antibióticos e receberam vacinas, incluindo doses contra tétano e raiva, disse o secretário de saúde pública, Jesada Chokedamrongsuk.

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Segundo o inspetor do Ministério da Saúde tailandês, Tongchai Lertvirairatanapong, todos estão “em boas condições”, apesar de terem perdido, em média, dois quilos durante o tempo que ficaram presos. Ele atribuiu a boa saúde dos meninos à dedicação do treinador que ficou preso na caverna com eles, Ekkapol Ake Chantawong, que dividiu a sua parcela de comida entre os meninos, os ensinou a meditar e como poupar energia. “Tenho que elogiar o treinador que cuidou muito bem dos jovens jogadores”, disse Lertvirairatanapong.

Os meninos estão em diferentes estágios de recuperação. O primeiro grupo, retirado no domingo (8) já se adaptou à luz normal. Os últimos, retirados na terça, ainda usam óculos escuros, disse Jesada. Todos estão no mesmo ambiente no hospital Chiang Rai Prachanukroh, o principal da província.

Também estarão com eles em quarentena quatro mergulhadores tailandeses que tiveram contato com o grupo por mais de uma semana. Os mergulhadores correm menos risco que os meninos porque não estavam malnutridos e ficaram menos tempo nas galerias subterrâneas.

Precauções

Pequenos arranhões ou infecções bacterianas adquiridas pela ingestão de água contaminada podem se tornar um problema para os meninos, porque seus sistemas imunológicos foram comprometidos em tantos dias de ambiente inóspito e alimentação inadequada.

Embora a probabilidade de infecção grave seja pequena, especialistas disseram que estão tomando precauções caso os meninos tenham adquirido uma doença rara. Um perigo é uma infecção contraída a partir das fezes de morcegos ou roedores que eles possam ter encontrado no subsolo. Os sintomas variam de dores de cabeça e febre a, em casos graves, insuficiência respiratória aguda ou mesmo morte.

"Não temos experiência nesse tipo de caverna profunda, mas eles disseram que não viram nenhum morcego ou animal", disse Jesada. "Morcegos podem levar a várias doenças", afirmou. A gruta em que eles se refugiaram estava a cerca de um quilômetro da superfície.

O hospital enviou amostras de sangue dos meninos para um laboratório de Bangcoc especializado em doenças infecciosas. Martyn Farr, um explorador de cavernas que mora no País de Gales, disse duvidar que os morcegos estivessem lá nesta época do ano porque eles são "criaturas inteligentes" capazes de voar longas distâncias e que "não querem ser cercados por enchentes". 

Chocolate 

Os médicos também estão atentos à dieta dos meninos. Eles ficaram nove dias sem comer e quando foram encontrados receberam alimentos ricos em proteínas. Ainda assim, segundo autoridades, ainda se queixam de fome.

Eles têm sido alimentados com mingau de arroz, apesar dos inúmeros pedidos de vários deles por krapao, uma comida típica tailandesa que consiste de carne de porco frita com manjericão. Nesta terça, no hospital, um médico aprovou o pedido dos meninos para comer pão com cobertura de chocolate.

Visita dos pais

Os parentes dos quatro primeiros meninos resgatados foram autorizados a vê-los através de um vidro. Os médicos só devem autorizar visitas nos próximos dias. "Quando houver confirmação de que não há infecções, permitiremos que os pais os visitem", disse Jesada. "Sem abraços ou toques até que exames de sangue mostrem que eles estão bem", complementou.

Captura de um vídeo divulgado pelo governo da Tailândia, mostra familiares observando os meninos por um vidro, no hospital de Chiang RaiHANDOUTAFP

Em um vídeo exibido durante a coletiva de imprensa desta quarta-feira, os meninos estavam usando máscaras hospitalares e acenavam para seus familiares, dos quais muitos estavam em lágrimas ao vê-los bem. 

Em entrevista à CNN, Tanawat Viboonrungruang, o pai de Titun, o garoto mais novo do grupo, disse que se sentia aliviado ao ver que seu filho “ainda estava saudável”.

“Eu comecei a chorar. Todo mundo começou a chorar”, ele contou à CNN. “Eu quero dizer obrigado àqueles que resgataram meu menino e o ajudaram a ter uma vida nova. É como se fosse um renascimento”.

Cronologia do resgate

O resgate dos 12 meninos de um time de futebol e seu treinador chegou ao fim nesta terça-feira, 10. Confira como foi cada dia desde que o grupo desapareceu no complexo de cavernas Tham Luang, no norte da Tailândia. 

 23 de junho 

Depois de um treino matinal, 12 membros da equipe Javalis Selvagens e seu treinador vão de bicicleta até a caverna Tham Luang. Uma chuva forte começa depois que o grupo já está dentro do local. Quando nenhum dos meninos volta para casa depois de escurecer e não podem ser contatados, seus pais relatam que estão desaparecidos. Uma operação de busca começa por volta da meia-noite e encontra as bicicletas na entrada da caverna. 

24 de junho 

Equipes de resgate locais encontram chuteiras e mochilas deixadas pelos meninos perto da entrada da caverna.

25 de junho 

À medida que a busca se expande, impressões digitais e pegadas atribuídas ao grupo são encontradas dentro da caverna. Os pais, em vigília do lado de fora, começam a realizar orações. 

26 de junho 

Cerca de uma dúzia de marinheiros tailandeses e outros socorristas entram na caverna. O ministro do Interior da Tailândia, Anupong Paojinda, diz que a água lamacenta encheu algumas câmaras subterrâneas até o teto, dificultando o trabalho dos resgatistas.

27 de junho 

Chuvas atrapalham esforços de busca, inundando passagens da caverna mais rápido do que a água é bombeada para fora. Uma equipe militar americana e especialistas britânicos participam da operação. 

28 de junho 

A água começa a ser drenada a partir de perfurações na montanha. A busca por outras entradas para a caverna é intensificada, já que o mergulho é temporariamente suspenso por questões de segurança. 

29 de junho

O primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha, visita o local e pede aos parentes que não percam a esperança. Trabalhos para drenar a caverna fazem pouco progresso. 

30 de junho

Chuva para e diminui a inundação, permitindo a retomada dos preparativos para o resgate. Mais especialistas de diversos países tomam parte na missão. Antecipando a localização dos meninos, uma operação de socorro é planejada para determinar como os garotos serão enviados ao hospital depois de saírem da caverna. 

1º de julho

Mergulhadores avançam pela passagem principal e estabelecem uma área de preparação no interior. Mergulhadores de elite da Tailândia chegam a uma curva, depois de um quilômetro, onde a passagem se divide em duas direções. 

2 de julho

Dois mergulhadores britânicos localizam os meninos desaparecidos e seu treinador

3 de julho

Os vídeos são divulgados e mostram os meninos se apresentando, juntando as mãos em uma saudação tradicional tailandesa. 

4 de julho

Mergulhadores tailandeses e um médico se juntam aos garotos, levando comida e remédios. São discutidas opções de retirada: se as crianças devem sair com os mergulhadores ou mantidas na caverna até que as condições melhorem. 

5 de julho

Os meninos começam a ter aulas de mergulho. Aumentam os esforços de drenagem para diminuir os níveis de água na caverna. 

6 de julho

Autoridades indicam que preferem tirar as crianças o mais rápido possível, temendo aumento das inundações. A preocupação aumenta conforme caem os níveis de oxigênio. Um mergulhador tailandês morre durante uma missão

7 de julho

Autoridades sugerem que a retirada será feita nos próximos dias por conta das previsões de tempestade e do baixo nível de oxigênio na caverna. No entanto, afirmam que as habilidades de mergulho das crianças ainda não são suficientes. 

8 de julho

O líder da operação declara que o "Dia D" chegou e anuncia o início dos trabalhos para resgatar os meninos e seu treinador. Mergulhadores retiram com sucesso as primeiras quatro crianças

9 de julho

Mais quatro garotos são resgatados, elevando para 8 o número de sobreviventes. Quatro meninos e o treinador permanecem na caverna. 

10 de julho

No terceiro dia de resgate, mergulhadores retiram as quatro crianças e o treinador, dando fim à angústia de duas semanas.

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