Um vídeo que mostra supostos soldados norte-americanos urinando em combatentes mortos do Taliban causou indignação no Afeganistão, mas o grupo islâmico insurgente garantiu que o incidente não afetará as incipientes negociações de paz com o governo afegão.
Os Estados Unidos prometeram investigar as imagens, que foram colocadas no YouTube e outros sites. O vídeo mostra quatro homens com fardas camufladas dos fuzileiros navais urinando sobre três cadáveres. Um deles brinca: "Tenha um bom dia, amigo". Outro faz uma piada obscena.
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, divulgou nota nesta quinta-feira qualificando a ação retratada no vídeo como "desumana" e exigindo uma investigação.
O secretário norte-americano de Defesa, Leon Panetta, telefonou para Karzai lamentando o "deplorável" incidente e prometendo uma apuração imediata, segundo o Pentágono.
Os Estados Unidos e seus aliados estão gradualmente retirando suas tropas de combate do Afeganistão, num processo que deve terminar em 2014.
O Pentágono não confirmou se o vídeo é autêntico, mas disse que tampouco há sinais de que não seja. O caso deve inflamar o antiamericanismo no Afeganistão, após uma década de presença militar dos EUA no país, e pode complicar os esforços de reconciliação.
Nesta semana, o representante especial do governo Obama para o Afeganistão e Paquistão, Marc Grossman, volta à região para discussões com Karzai e com autoridades da Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes, com o objetivo imediato de selar um acordo que leve à abertura de um escritório de representação do Taliban no Catar.
Um porta-voz do Taliban disse que, embora as imagens sejam chocantes, elas não devem afetar as negociações, nem uma possível troca de prisioneiros.
"Sabemos que o nosso país está ocupado ... Esse não é um processo político, então o vídeo não afetará nossas negociações e a troca de prisioneiros, porque elas estão em estágio preliminar."
Em nota, Panetta disse que eventuais responsáveis apontados na investigação realizada pelos fuzileiros e pela Isaf (força internacional no Afeganistão) "serão responsabilizados na máxima extensão possível".
Um oficial dos fuzileiros disse à Reuters, sob anonimato, que os marines que aparecem no vídeo supostamente pertencem ao terceiro batalhão do segundo regimento dos marines, com sede em Camp Lejeune, na Carolina do Norte.
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