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Curitiba – O batalhão de cientistas e analistas que apontam soluções para os problemas mundiais assume tarefas cada vez mais complexas. Questões de dimensão planetária exigem medidas coordenadas diariamente. A guerra, a pobreza, a mortalidade materna e infantil, o aquecimento global, a aids, a malária são descritos como alvos interligados. Para estrategistas, sociólogos e estudiosos das relações internacionais, o mundo precisa se concentrar nas questões mais urgentes, ou que atingem maior número de pessoas. No entanto, as dificuldades começam na hora de apontá-las.

O problema mais urgente não está necessariamente ligado aos interesses dos países desenvolvidos, defende o historiador israelense Ely Ben-Gal, membro do kibutz (habitação coletiva) Baram Galilee, ao norte de Israel. Para ele, em 2006, o mundo deveria se concentrar no combate à pobreza e à fome.

"A idéia que, nesse momento, milhares e milhares de crianças estão indo para a cama e não podem adormecer porque estão com fome é capaz de enlouquecer a gente, considerando as reservas existentes nos países ricos", afirma.

Os próprios países pobres precisam mudar, defende o professor emérito da Universidade de Campinas (Unicamp) Rogério Cerqueira Leite. Físico, ele observa a questão da fome e da pobreza com praticidade. "O grande problema nos países em desenvolvimento é a má distribuição de renda. Todos os demais ou se resolveriam ou se amenizariam sensivelmente com uma distribuição de renda justa."

Para o especialista em administração e finanças internacionais Ricardo Amorim, "o que falta não é discussão, mas ação". O economista paulista, contratado pelo banco alemão EstLB como diretor de Recomendação de Investimentos na América Latina, considera que o dinheiro gasto pelos Estados Unidos na guerra do Iraque seria suficiente para reduzir a miséria "a menos da metade dos níveis atuais".

O ataque aos problemas mundiais não vem sendo direcionado pelos estudiosos. A História, a Economia, a Física, a Sociologia apontam questões centrais, mas os governos definem suas agendas de acordo com seus interesses, afirma o doutor em Ciências Sociais Paulo Roberto de Almeida."O que vem sendo definido como comunidade internacional não existe. Existem apenas países ou grupos de países mais ou menos influentes, capazes de moldar a agenda internacional."

Ele considera que enquanto o problema da fome aparecer como prioridade para os países pobres ou para os analistas mais sensíveis aos dramas humanos, os países ricos priorizam temas relacionados a seus interesses político-econômicos. Na avaliação de Almeida, em 2006, "o tema mais relevante para os Estados Unidos, inegavelmente o ator mais importante no cenário internacional, será a segurança". Ele afirma que Washington vai combater o terrorismo e procurar uma saída honrosa da Guerra do Iraque. Como analista, afirma que o mais importante para o mundo é a manutenção de taxas de crescimento razoáveis, ainda não acompanhadas pelo Brasil.

Para outros especialistas, a preocupação deve ser com a educação, para que as próximas gerações convivam em condições mais favoráveis à solução dos problemas mundiais. "A educação deve ser laica, pública, gratuita e universal", sintetiza Gustavo Biscaia de Lacerda, mestre em sociologia política pela Universidade Federal do Paraná.

O mais importante é preparar os jovens para a cooperação, afirma o geólogo Renato Eugênio de Lima, professor da UFPR e consultor da Organização das Nações Unidas (ONU). "A cooperação desenvolve as melhores qualidades do ser humano e dos povos, como solidariedade e ética", justifica.

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