Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
genética

Técnica de edição de DNA poderá livrar humanidade de doenças incuráveis

Pesquisa dos Estados Unidos descobriu meio de modificar células de diversos órgãos do corpo, e a técnica poderá até mesmo estender o tempo de vida humano

O método foi aplicado em ratos cegos, que conseguiram recuperar a visão. | Pixabay
O método foi aplicado em ratos cegos, que conseguiram recuperar a visão. (Foto: Pixabay)

Viver mais tempo e sem doenças é um desejo de muitas pessoas – e de cientistas. A cura para condições genéticas como a cegueira, por exemplo, motiva inúmeras pesquisas científicas ao redor do mundo. Tentando achar a fórmula da ‘vida longa’, cientistas do Instituto Salk, nos Estados Unidos, encontraram uma técnica de ‘edição’ do DNA que poderá modificar os genes do cérebro e de outros órgãos do corpo, livrando a humanidade de uma série de doenças. As informações são do jornal britânico The Independent.

Explorada por uma pesquisa publicada na revista Nature na última quarta-feira (16), a técnica se mostrou bem sucedida em ratos cegos, que conseguiram recuperar parcialmente a visão depois das alterações genéticas. E a condição que afeta os roedores estudados também é presente nos seres humanos, assim como diversas outras doenças às quais o método se aplica.

Anteriormente os pesquisadores ainda não tinham sido capazes de fazer alterações no DNA em tecidos dos olhos, do cérebro, do coração e do fígado, por exemplo. Isso acontece porque as células desses tecidos não se dividem – como outras do corpo fazem – impedindo modificações. Porém, com o novo sistema, chamado de HITI, os geneticistas conseguiram alterar essas estruturas celulares.

“Estamos muito animados com a tecnologia que descobrimos, porque é algo que não podia ser feito antes”, explicou ao Independent um dos pesquisadores do estudo, o professor Juan Carlos Izpisúa Belmonte. “As possíveis aplicações desta descoberta são vastas”.

O método

Os pesquisadores usaram a técnica HITI em ratos nascidos com uma doença genética chamada retinite pigmentosa, que atualmente afeta cerca de uma a cada 4 mil pessoas no Reino Unido.

Ao alterar os genes que afetam os olhos, eles foram capazes de devolver um grau a mais de visão aos ratos. “Deve-se notar, contudo, que embora os testes demonstraram melhora respostas visuais após a injeção sub-retiniana [do reparo do DNA] para ratos de três semanas de idade, a volta da visão foi parcial”, escreveram os pesquisadores em no artigo da revista Nature .

Porém, mesmo sem a recuperação total, a descoberta do método, que é baseado na técnica CRISPR-gene de edição, é sem precedentes e influenciará enormemente nos estudos genéticos realizados a partir de então. Em entrevista ao The Independent, o professor Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick, na Inglaterra, endossou as conquistas: “Se houver melhorias nessa tecnologia, o que parece inevitável nos dias de hoje, é provável que os métodos desenvolvidos possam revelar meios muito úteis de adicionar genes a células que não se dividem. Com certeza para fins de pesquisa básica e, talvez, até mesmo em terapia genética, para tratar doenças que hoje são consideradas incuráveis”.

Colaborou: Cecília Tümler

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.