Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Represália

Tel Aviv bloqueia dinheiro palestino

Israel diz que não vai repassar montante que representa cerca de metade do orçamento mensal da Autoridade Nacional Palestina

Presidente palestino Mahmoud Abbas acena para a multidão que o saudou na Cisjordânia, depois da conquista em Nova York | Mohamad Torokman/Reuters
Presidente palestino Mahmoud Abbas acena para a multidão que o saudou na Cisjordânia, depois da conquista em Nova York (Foto: Mohamad Torokman/Reuters)
Público realiza manifestação para celebrar o fato de a Palestina ter se tornado um estado observador não membro da ONU |

1 de 1

Público realiza manifestação para celebrar o fato de a Palestina ter se tornado um estado observador não membro da ONU

O governo de Israel anunciou ontem que não deve transferir os impostos arrecadados neste mês de novembro em nome da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em reação à decisão da Orga­­ni­­­zação das Nações Unidas (ONU) que concedeu à Pa­­­les­­­tina o status de Estado ob­­­­servador não membro.

É a mais nova retaliação de Tel Aviv contra a liderança palestina. No dia seguinte à votação na sede da ONU, em Nova York, o governo do premiê Benjamin Netanyahu já havia autorizado a construção de 3 mil imóveis novos em áreas da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental que foram ocupadas na Guerra dos Seis Dias (1967).

O montante bloqueado chega a US$ 100 milhões (R$ 213 milhões) e representa cerca de 50% do exíguo orçamento palestino. Com problemas financeiros e um comando limitado sobre a Cisjordânia ocupada, a ANP depende amplamente do dinheiro mensal para pagar o funcionalismo público.

"Eu não penso em transferir dinheiro neste mês. Vou usá-lo para pagar pelas dívidas que a ANP contraiu com a empresa de eletricidade", disse o ministro das Finanças de Israel, Yuval Steinitz, numa reunião de gabinete, de acordo com o site do jornal Yedioth Ahronoth.

Em virtude dos Acordos de Paris de 1995, protocolo econômico dos Acordos de Oslo, o Ministério da Fazenda de Israel é que arrecada todos os meses para a ANP taxas de produtos que entram na Cisjordânia e também de palestinos que trabalham em Israel.

Segundo o ministro israelense, a arrecadação do mês de novembro, que deveria ser repassada por volta do dia 5, será usada para pagar a dívida de 700 milhões de shekels (R$ 392 milhões) que a ANP acumulou nos últimos anos com a empresa nacional de eletricidade de Israel.

Steinitz qualificou o pedido dos palestinos à ONU de "provocação" e disse que, com o respaldo internacional, o que os palestinos buscam é "conseguir um Estado sem ter de reconhecer Israel, sem [se comprometer] com o desarmamento e sem mecanismos de segurança" para os israelenses.

Fontes diplomáticas israelenses que pediram para não ser identificadas disseram que o Ministério das Finanças não cobrava a dívida em um "gesto de boa vontade".

Na semana passada, a empresa israelense de eletricidade teve de pedir um empréstimo especial aos bancos, com garantia do governo, para tapar um rombo de mais de 1 bilhão de shekels (R$ 560 milhões).

Abbas prega reconciliação nacional

Folhapress

Uma multidão em festa recebeu ontem o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, no seu retorno à Cisjordânia depois da conquista na Organização das Nações Unidas (ONU), por 138 votos contra 9, do status para a Palestina de "entidade observadora" para o de "Estado observador não membro".

"Nós agora temos um Estado", disse Abbas ao iniciar o seu discurso televisionado, no centro da cidade de Ramallah, que é a maior da Cisjordânia e a sede do governo da ANP. "A mensagem foi clara. Não estamos sós. O mundo está conosco, e Deus todo-poderoso também."

No discurso, Abbas enfatizou a necessidade de unidade nacional, em um sinal de disposição para negociar novamente com o movimento radical islâmico Hamas, que governa a faixa de Gaza. "O mundo escreveu a certidão de nascimento do Estado da Palestina", disse. Segundo ele, a iniciativa é uma vitória de todos os palestinos, "de todas as forças políticas".

O Hamas surpreendeu ao dar apoio ao pedido de elevação de status na ONU. A reconciliação entre o Hamas e o partido Fatah, de Abbas, é importante para colocar ambos os territórios palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza sob a mesma liderança.

Para o governo de Israel, a elevação foi uma derrota, já que ele defende que o Estado palestino só pode ser reconhecido no âmbito das negociações de paz. No dia seguinte à votação, o governo do premiê Benjamin Netanyahu autorizou a construção de 3 mil imóveis em assentamentos judaicos situados na Cisjordânia e Jerusalém Oriental ocupadas na Guerra dos Seis Dias (1967), pelo que foi bastante criticado.

Os assentamentos judaicos em territórios palestinos ocupados são vistos pela comunidade internacional como obstáculos à paz na medida em que visariam anexar território e, consequentemente, inviabilizar a declaração de Jerusalém Oriental como capital do Estado palestino, a exemplo do que Abbas reivindicou na ONU.

No seu discurso, ontem, ele chamou Jerusalém de "eterna capital do Estado da Palestina".

Disse ainda que não teria ido à ONU se temesse alguma das ameaças que recebeu. Tanto Israel quanto os EUA ameaçaram cortar repasses à ANP caso a votação na ONU ocorresse e aliados de Abbas, como a Liga Árabe, saíram em sua defesa, se oferecendo para lhe dar dinheiro.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.