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Presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya (esq.) reúne-se com o presidente da Costa Rica Oscar Arias em São José | Costa Rica Presidency/Handout / Reuters
Presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya (esq.) reúne-se com o presidente da Costa Rica Oscar Arias em São José| Foto: Costa Rica Presidency/Handout / Reuters

A primeira parte das negociações entre o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o chefe do governo interino do país, Roberto Michelleti aconteceu nesta quinta-feira (9), com o encontro de cada um deles com o mediador do conflito, o presidente da Costa Rica, Oscar Arias. Zelaya foi destituído no dia 28 de junho e enviado à Costa Rica pelos militares. Ele preparava uma consulta popular sobre a realização ou não de um referendo para uma alteração da Constituição que abriria caminha a sua reeleição.

O presidente deposto foi o primeiro a conversar com Arias e chegou à casa do presidente costarriquenho acompanhado de diversos funcionários de seu governo, entre eles, a chanceler Patricia Rodas. Após o encontro, ele falou rapidamente com os repórteres que o aguardavam, sem dar muitos detalhes.

"Acreditamos que fomos congruentes com a posição de Honduras, que é a restituição do estado de direito, da democracia e a restituição do presidente eleito pelo povo hondurenho", disse Zelaya, após a conversa de uma hora e meia com o medidor.

Micheletti chegou à residência de Arias cerca de meia hora após Zelaya deixar o local. Ele se negava, a princípio, a sair do aeroporto Juan Santamaría antes que o presidente deposto terminasse a conversa com o mandatário anfitrião. Micheletti não quis falar com a imprensa após a reunião com Arias.

Fortalecido pela condenação mundial à sua deposição no golpe de 28 de junho, Manuel Zelaya quer que os que o tiraram da presidência de Honduras deixem o poder em 24 horas para que ele volte ao cargo.

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo instituto Gallup revela que 41% dos hondurenhos aprovam o golpe de estado, 28% não concorda com a destituição do presidente eleito e 31% não contestou o não sabia. A pesquisa foi realizada do dia 30 de junho a 4 de julho, e foram entrevistas 1.024 pessoas maiores de 18 anos, de 16 das 18 províncias do país.

Zelaya chama Micheletti de criminoso e exige o poder de volta

Ao chegar à Costa Rica na noite de quarta-feira, Zelaya chamou Roberto Micheletti, o político que ficou em seu lugar após o golpe, de "criminoso" e exigiu que ele lhe devolvesse o poder.

Micheletti, escolhido pelo Congresso de Honduras para ser o presidente interino após o golpe, desembarcou na Costa Rica nesta quinta-feira afirmando que buscaria uma solução constitucional para o impasse.

Micheletti havia dito que não negociaria a volta de Zelaya como chefe de Estado. Ele afirma que o presidente deposto, que descontentou a elite tradicional do país com uma guinada política para a esquerda, será processado caso retorne para tentar suspender as limitações sobre o mandato presidencial violando a constituição.

As posições conflitantes indicaram que não haverá uma resolução rápida à crise política que atinge Honduras desde o golpe, elevando as tensões na América Central e representando um teste à política para a América Latina do presidente dos EUA, Barack Obama.

O presidente americano - que aparentemente tenta mudar o histórico de Washington de apoiar golpes e regimes militares violentos na América Latina quando era do interesse dos EUA - condenou a deposição de Zelaya e apóia a mediação de Arias. E nesta quarta-feira, a embaixada americana em Honduras informou ter suspendido os programas de ajuda militar de US$ 16,5 milhões e de ajuda para o desenvolvimento ao governo interino de Honduras por causa do golpe de Estado.

Na véspera das conversações, a embaixada americana em Tegucigalpa anunciou a suspensão de programas de assistência militar a Honduras no valor de US$ 16,5 milhões.

Usando seu tradicional chapéu de cowboy, Zelaya disse a jornalistas na noite de quarta-feira: "Quero ouvir o que aquele golpista (Micheletti) vai dizer aqui em San José."

Ainda na quarta, um porta-voz de Micheletti acusou as autoridades da Nicarágua, aliadas de Zelaya, de negar autorização para o avião de Micheletti sobrevoar o território nicaraguense a caminho da Costa Rica.

Uma autoridade militar em Manágua disse que a acusação era "totalmente falsa."

Apesar da aparente falta de disposição para uma reconciliação, Arias, laureado pelo Prêmio Nobel da Paz em 1987 por ajudar a pôr fim a guerras civis e a revoltas na América Central durante a Guerra Fria, diz esperar por um acordo.

Observadores temem que o fracasso em fechar um acordo leve Zelaya a novas tentativas de voltar ao país para a retomada do poder com a ajuda de aliados como Venezuela, Cuba e Nicarágua.

O governo de Micheletti considerou a medida dos EUA "contraproducente".

A embaixada norte-americana disse que outros 180 milhões de dólares em assistência dos EUA para Honduras também poderiam estar sob risco, mas manteria a assistência humanitária ao povo hondurenho, com alimentos, material de prevenção à Aids e ajuda para as crianças.

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