A região do norte da Itália, entre as mais industrializadas e povoadas do país, foi sacudida por um forte terremoto na madrugada deste domingo (20), que causou a morte de pelo menos sete pessoas, deixou dezenas de feridos e destruiu fábricas e monumentos históricos da região de Ferrara.
Segundo um balanço provisório, pelo menos quatro pessoas morreram com os deslizamentos de terra causados pelo terremoto, de magnitude 5,9, cujo epicentro estava a cerca de 10 km de profundidade em Finale Emilia, 36 km ao norte de Bolonia, província de Modena.
Uma mulher de 86 anos é a sétima pessoa a morrer devido ao terremoto ocorrido na madrugada de domingo no norte da Itália. Anna Abeti, moradora de Vigarano Mainarda, sentiu-se mal após o tremor e teve um derrame. A idosa foi levada ao hospital mas não resistiu.
Entre os mortos estão quatro operários que pernoitavam nas sedes das fábricas em que trabalhavam. Um deles é um marroquino de 29 anos, que morreu quando um galpão de uma fábrica de poliestireno desabou em Ponte Rodoni di Bondeno, em Modena.
Os outros dois são italianos que trabalhavam em uma fábrica de cerâmica em San'Agostino, Ferrara.
O terremoto deixou cerca de 3.000 pessoas desabrigadas, a maior parte na região de Modena. De acordo com o jornal italiano "Corriere della Sera", o chefe de Defesa Civil italiana, Franco Gabrielli, declarou que a prioridade agora é acolher o mais rápido possível as pessoas desabrigadas.
Na localidade de Mirandola, província de Ferrara, os doentes em estado grave do hospital local foram removidos, assim como os idosos de um asilo, informa a Defesa Civil.
Um deles, Nicola Cavicchi, de 35 anos, "queria passar o domingo no mar, mas como ia chover aceitou substituir um colega doente", seus parentes contaram à imprensa local.
O corpo de um quarto operário, que estava dentro de uma ferraria, foi encontrado pelos bombeiros entre os escombros da fábrica Tecopress de Ferrara.
Outras duas pessoas, uma senhora de mais de cem anos e uma mulher de 37 anos, de nacionalidade alemã, morreram de ataque do coração causado pelo pânico.
Cerca de 50 pessoas ficaram feridas na região de Ferrara, apesar de nenhuma com gravidade.
O terremoto foi sentido em todo o nordeste da península.
As primeiras imagens difundidas pelas televisões italianas, mostravam casas semi-destruídas, escombros nas estradas, torres antigas e igrejas com rachaduras e moradores nas ruas.
Para tranquilizar a população, as autoridades confirmaram a realização das eleições administrativas locais nas cidades de Piacenza, Parma, Budrio e Comacchio.
Novo tremor
Uma réplica de 5,1 graus de magnitude na escala Richter atingiu neste domingo (20) a região de Emília-Romanha (norte da Itália) às 15h18 locais (10h18 de Brasília). Houve novos desmoronamentos de prédios pelo menos uma pessoa ficou ferida. As informações são da Defesa Civil.
O ferido é um bombeiro que caiu do quarto andar de um prédio na cidade de Finale Emilia, na província de Modena, onde foi derrubada parte da Torre do Relógio, uma construção do século XIV, anunciou a rede de televisão italiana "SkyTG24".
Estudante brasileira conta como foi terremoto na Itália
"O terremoto durou apenas 20 segundos, mas sacudiu todo o prédio e as coisas começaram a cair." É assim que a estudante brasileira Ana Carolina Costa Siqueira, de 23 anos, que mora em Bolonha descreve os tremores do terremoto.
O primeiro tremor aconteceu por volta das 4h (23h de sábado, no Brasil) e estava todo mundo dormindo. Eu moro no sexto andar e o prédio sacudiu inteiro de um jeito muito forte - disse a jovem que mora há quatro anos no país e ainda não tinha presenciado nenhum terremoto.
A estudante contou ainda que a maioria das pessoas foram para as ruas após o terremoto. Segundo ela, em Bolonha não houve tantos danos em prédios e as pessoas voltaram para suas casas pouco tempo depois. Por volta de 5h houve um novo tremor mais fraco.
"Eu tenho uma vizinha que estava em L'Aquila, em 2009, quando aconteceram os terremotos mais fortes. Ela estava desesperada por causa dos filhos. A grande preocupação é que não sabemos se terá um novo tremor", falou a estudante que cursa economia na Universidade de Bolonha.
Danos ao patrimônio histórico
A região do nordeste da Itália sofreu "notáveis danos ao patrimônio cultural", depois do forte terremoto da madrugada deste domingo, informou em nota o ministério para os Bens Culturais.
"Depois de uma primeira avaliação, (observou-se que) os danos foram notáveis", diz o comunicado, ao fazer um primeiro balanço do terremoto, que causou a morte de pelo menos seis pessoas, deixou dezenas de feridos e destruiu monumentos históricos da região de Ferrara, cidade declarada Patrimônio Mundial da Humanidade em 1995.
Importantes monumentos de Ferrara, com uma estrutura urbanística que remonta ao século XIV, sofreram danos entre eles a praça Savonarola assim como a fachada do Castelo Estense, emblema da cidade.
Também foram registrados deslizamentos e rachaduras em várias igrejas importantes, entre elas a de São Carlo e de Santa Maria in Vado.
Na pequena localidade de Poggio Renatico, na região de Ferrara, a torre do relógio do Castelo Lambertini, sede da prefeitura foi derrubada.
A Itália conta com um patrimônio artístico inestimável, cuja fragilidade ficou evidente durante os terremotos de setembro e outubro de 1997 em Umbria e Marcas, duas regiões do centro.
Nessa ocasião a basílica de São Francisco de Assis, famosa pelos afrescos de Giotto, desabou e teve que ser submetida a uma importante e cara restauração.



