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Cartaz com pedido de libertação de Alex Saab em Caracas, no mês passado
Cartaz com pedido de libertação de Alex Saab em Caracas, no mês passado| Foto: EFE/Miguel Gutiérrez

O empresário colombiano Alex Saab, suposto testa de ferro do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, teria se encontrado com autoridades americanas antes da sua prisão, ocorrida em 2020, para fornecer informações sobre o governo chavista.

A informação consta de um documento, ao qual as agências Reuters e Associated Press tiveram acesso, apresentado a um tribunal federal de Manhattan nesta semana pelos advogados de Bruce Bagley, ex-professor da Universidade de Miami.

Especialista em estudos sobre tráfico de drogas na América Latina, Bagley foi preso em novembro de 2019, acusado de lavagem de dinheiro – segundo os promotores, ele recebeu quase US$ 3 milhões em depósitos de contas no exterior que eram controladas por Saab e ficou com uma comissão. O professor se declarou culpado no ano passado e terá sua sentença anunciada na próxima semana.

No documento apresentado esta semana com o objetivo de buscar uma sentença branda, a defesa de Bagley apontou que o dinheiro que ele recebeu foi direcionado para pagar advogados “que estavam aconselhando Saab e o acompanhando em reuniões com o governo dos Estados Unidos, durante as quais Saab forneceu informações sobre o governo de Maduro”, apontou a Reuters. As reuniões tiveram início em 2017, segundo o documento, mas não foi informado o que foi discutido nesses encontros.

Segundo a Associated Press, promotores relataram que Saab inicialmente procurou Bruce Bagley para solicitar ajuda para obter um visto de estudante para seu filho e depois lhe pediu conselhos sobre investimentos na Guatemala.

A partir de novembro de 2017, Bagley começou a receber depósitos mensais de aproximadamente US$ 200 mil de uma suposta empresa de alimentos com sede nos Emirados Árabes Unidos; recursos também foram transferidos de uma conta na Suíça.

Bagley então transferia 90% do dinheiro para contas controladas por um informante, para pagamento de advogados de Saab nos Estados Unidos, segundo lhe foi informado. Porém, o professor separava uma comissão de 10% para si e continuou a aceitar dinheiro mesmo depois que uma de suas contas foi encerrada devido a atividades suspeitas.

A defesa de Saab alegou em comunicado que Bagley nunca trabalhou para o empresário e que este nunca cooperou com as autoridades americanas contra os “interesses” do governo da Venezuela.

Para Maduro, extradição de Saab foi “sequestro”

Alex Saab foi detido em Cabo Verde em junho de 2020, quando seu avião parou para reabastecer no Aeroporto Internacional Amilcar Cabral, na Ilha do Sal. Ele foi extraditado aos Estados Unidos no mês passado, por acusações de lavagem de dinheiro.

Saab, nascido na cidade colombiana de Barranquilla e de origem libanesa, está ligado a várias empresas, incluindo o Group Grand Limited (GGL), acusado de fornecer alimentos e produtos a preços inflados ao regime de Nicolás Maduro. O empresário e três enteados de Maduro lucraram “centenas de milhões de dólares” com estas operações, segundo as autoridades americanas.

Logo após sua extradição, Saab afirmou que não colaboraria com a Justiça americana, segundo uma carta lida por sua esposa, Camila Fabri, durante um dos atos organizados pelo regime chavista em apoio ao empresário em Caracas.

Maduro disse à época que o empresário foi “sequestrado pelo império norte-americano”. “Confio Alex Saab nas mãos de Deus. Haverá justiça, porque haverá verdade”, disse o ditador na televisão estatal.

Maduro afirmou ainda que a extradição de Saab foi “uma das injustiças mais ignóbeis e vulgares cometidas nas últimas décadas no mundo” e que a Venezuela acionaria a ONU e organismos de direitos humanos contra o que chamou de “sequestro”.

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