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Testes dão sinais da “partícula de Deus”

Pesquisadores disseram que seus dados indicam que a partícula pode ter a massa entre 114 bilhões e 130 bilhões de elétron volts | AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI
Pesquisadores disseram que seus dados indicam que a partícula pode ter a massa entre 114 bilhões e 130 bilhões de elétron volts (Foto: AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI)

Pesquisadores do LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, dizem ter visto, em dois experimentos, sinais compatíveis com o famoso bóson de Higgs, a fugidia partícula que explica porque todas as outras têm massa.

Em uma apresentação feita ontem na Suíça, sede do Cern (centro europeu de física de partículas), os cientistas mostraram dados dos experimentos Atlas e CMS, que "caçam" essa peça fundamental do chamado Mo­­delo Padrão.

O modelo é a teoria que explica as interações entre as partículas, componentes fundamentais de tudo o que existe. Se o Higgs não for encontrado, ele terá de ser revisto.

Embora os sinais descobertos pareçam ser compatíveis com o bóson e venham de dois instrumentos diferentes, ninguém ainda consegue dizer que a tal "partícula de Deus" foi descoberta.

"Não porque nossas medições sejam ruins, ou porque sejamos incompetentes", diz Sergio Novaes, físico da USP e membro da equipe do CMS.

"Somente com mais tempo conseguiremos a quantidade de dados exigida para fazer a confirmação", afirma.

O prazo? Estima-se que até o final de 2012 haja massa de dados suficiente para confirmar se o sinal observado é mesmo o tal bóson. Mas o fato de que dois instrumentos independentes te­­nham observado a mesma coisa, mais ou menos na mesma faixa de energia, é um bom sinal.

O LHC explora o mundo das partículas acelerando e colidindo prótons num imenso anel por meio de campos magnéticos. A energia envolvida no choque gera uma miríade de partículas adicionais, que são então observadas por detectores.

Nenhum acelerador tinha potência suficiente para atingir o nível de energia necessário para "ver" o bóson. O LHC é o primeiro a chegar lá.

Aparentemente, a massa do Higgs é de aproximadamente 125 vezes a de um próton (ou, no linguajar dos físicos, 125 gigaelétron-volts).

"Esse anúncio é excitante do ponto de vista da física, mas é preciso ser cuidadoso e não dizer que isso significa propriamente uma descoberta", diz Ronald Shellard, físico do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e líder do grupo que negocia a entrada do Brasil no centro de pesquisas europeu.

Caso seja confirmado, o resultado encerra uma era na física. "De certa maneira isso fecha, e com chave de ouro, o Modelo Padrão", diz Shellard. "Agora não tem escapatória, vamos ter de explorar além dele."

Com isso, o LHC abre uma etapa em que a física experimental volta à dianteira e passa a fornecer dados que precisarão ser interpretados do zero pelos teóricos.

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