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O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair (1997-2007) afirmou nesta terça-feira (29) que o debate sobre mudanças climáticas se tornou “irracional” e precisa ser “resetado” para se tornar mais “pragmático”, comentários que desagradaram o atual governo do Reino Unido.
O ex-premiê trabalhista fez os comentários em um texto que escreveu como prefácio a um artigo da diretora de Política Climática e Energética do Instituto Tony Blair para Mudanças Globais (TBI, na sigla em inglês), Lindy Fursman, publicado no site da instituição.
“Os ativistas mudaram o centro de gravidade político em relação ao clima”, escreveu Blair. “[Mas] o movimento agora precisa de um mandato público — alcançável apenas por meio de uma mudança dos protestos para uma política pragmática.”
“As pessoas sabem que o estado atual do debate sobre as mudanças climáticas está repleto de irracionalidade. Como resultado, embora a maioria aceite que as mudanças climáticas são uma realidade causada pela atividade humana, elas estão se afastando das discussões políticas sobre o problema por acreditarem que as soluções propostas não se baseiam em boas políticas públicas”, argumentou o ex-premiê, que afirmou que muitos líderes políticos têm “medo” de falar sobre essa “irracionalidade” porque podem ser acusados de serem “negacionistas climáticos”.
“Como sempre, quando pessoas sensatas não se manifestam sobre a maneira como uma campanha está sendo conduzida, a campanha permanece nas mãos daqueles que acabam afastando a própria opinião da qual depende o consentimento para a ação”, afirmou Blair.
O ex-premiê trabalhista afirmou no texto que eleitores em todo o mundo “sentem que estão sendo solicitados a fazer sacrifícios financeiros e mudanças no estilo de vida, mesmo sabendo que seu impacto nas emissões globais [de carbono] é mínimo”.
“A grande reunião de todas as nações está acontecendo – embora provavelmente não todos os anos. Mas a realidade é que são as decisões dos grandes países e a direção política que eles dão em relação à tecnologia e aos fluxos financeiros que podem, de fato, resolver a questão climática”, apontou.
Blair também afirmou no texto que “qualquer estratégia baseada na ‘eliminação gradual’ dos combustíveis fósseis no curto prazo ou na limitação do consumo é uma estratégia fadada ao fracasso”, o que gerou reação do atual governo do Reino Unido, do premiê trabalhista Keir Starmer, que estipulou uma meta de atingir emissões líquidas zero de carbono no Reino Unido até 2050.
De acordo com informações da BBC, um porta-voz de Starmer negou nesta quarta-feira (30) que haja “histeria” na atual abordagem do governo sobre mudanças climáticas e a descreveu como “muito prática e pragmática”.
“Nossa abordagem para emissões zero é clara. São as famílias em todo o país que pagarão o preço pela dependência do Reino Unido dos mercados de combustíveis fósseis”, disse o porta-voz.







