Tortura e tratamento desumano estão disseminados nos centros de detenção administrados pelos Estados Unidos no Afeganistão, no Iraque e em Cuba, entre outros lugares, apesar das negativas de Washington, disse a Anistia Internacional na terça-feira.
Em relatório enviado para o Comitê da ONU contra Tortura, o grupo de Londres também alegou abusos no sistema de leis internas dos EUA, incluindo o uso excessivo da força pela polícia e condições degradantes de isolamento para prisioneiros em cadeias de alta segurança.
"Continuam surgindo evidências de prática disseminada de tortura e outros tratamentos desumanos e degradantes de detidos mantidos sob custódia dos EUA", disse a Anistia em seu relatório de 47 páginas.
O texto afirma que Washington tentou culpar "soldados e a falta de supervisão" pelos abusos, mas que o tratamento aparece em técnicas oficiais de interrogatórios.
- O governo dos EUA não só deixa de tomar medidas para erradicar a tortura, como também está criando um clima em que a tortura e outros maus tratos pode florescer - disse Curt Goering, vice diretor-geral da Anistia nos EUA.
O comitê da ONU, que tem especialistas que fazem revisões periódicas dos países-membros da Convenção da ONU contra a Tortura, deverá começar a estudar o caso dos EUA na sexta-feira. A última revisão dos Estados Unidos foi em 2000.
O grupo disse em novembro que queria respostas dos EUA a perguntas sobre centros secretos de detenção e se o presidente George W. Bush tem poder para absolver pessoas de responsabilidade criminal em casos de tortura.
O comitê também quer saber se o memorando de dezembro de 2004 do Ministério da Justiça dos EUA reservando o termo tortura para atos "extremos" de crueldade é compatível com a convenção global, que proíbe todas as formas de tratamento cruel, desumano ou degradante.
Washington justificou a manutenção de milhares de suspeitos de terrorismo em centros de detenção no exterior, incluindo na Baía de Guantánamo, em Cuba, dizendo que a guerra ainda não havia terminado.
A Anistia listou uma série de incidentes nos últimos anos envolvendo tortura de detidos sob custódia dos EUA, notando que a sentença mais dura nestes casos foi de cinco anos de cadeia. Esta é a mesma punição para um roubo de bicicleta nos EUA, disse o grupo.
- Apesar de o governo dos EUA continuar afirmando sua condenação da tortura e de maus tratos, estas declarações contradizem o que está acontecendo na prática - disse Goering, em referência a testemunhos de vítimas de tortura contidos no relatório.
