• Carregando...

Governos europeus trabalhavam nesta terça-feira em um novo pacote para o Irã, uma vez que as principais potências nucleares não chegaram a um acordo sobre uma resolução da ONU que proíba o programa nuclear da República Islâmica, segundo diplomatas.

Grã-Bretanha, França e Alemanha, que comandam as negociações com o Irã, pretendiam oferecer o pacote depois de o Conselho de Segurança da ONU aprovar a resolução, que abriria caminho para futuras sanções e ações militares, o que Rússia e China se opõem.

Mas, devido ao impasse, as principais potências autorizaram o trio europeu, chamado de UE3, de trabalhar na revisão do pacote, que apresentará ao Irã uma clara escolha entre benefícios e penalidades, enquanto prosseguem as negociações em torno da resolução, segundo diplomatas europeus.

"As pessoas vão explorar quais são os gatilhos, se é que há gatilhos", disse a nova chanceler britânica, Margaret Beckett, a jornalistas. Os iranianos, segundo ela, precisam perceber que "não precisam levar isso adiante, porque há formas de fazer o que eles dizem querer", afirmou.

"Qual é a exata natureza de algo que talvez lhes representasse uma saída? É exatamente isso que todos vão explorar", disse Beckett.

Ao contrário de propostas anteriores feitas pelo UE3, desta vez os europeus querem a adesão de Estados Unidos, Rússia e China.

Haveria o compromisso específico de apoiar sanções se as propostas econômicas e políticas não convencerem o Irã a abandonar atividades que podem levar ao desenvolvimento de armas nucleares, segundo um diplomata europeu que pediu anonimato.

O Ocidente acusa o Irã de desenvolver bombas atômicas, mas Teerã garante que suas atividades são exclusivamente para a geração de energia com fins civis.

Os ministros de Relações Exteriores dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -- Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha -, mais o da Alemanha, passaram duas horas reunidos na segunda-feira e, na terça, mantiveram conversas individuais.

Funcionários graduados dos seis países voltaram a se encontrar na terça-feira, quando autorizaram o UE3 a preparar um pacote de benefícios e punições.

Na noite de segunda-feira, o chanceler francês, Philippe Douste-Blazy, disse a jornalistas que o Irã, caso coopere, pode ser recompensado com "um pacote ambicioso -- no domínio da energia nuclear civil, no domínio do comércio, no domínio da tecnologia e -- por que não? -- no domínio da segurança."

Um diplomata europeu afirmou, porém, que os Estados Unidos "continuam muito céticos a respeito de qualquer proposta de incentivos", pois acreditam que o Irã só vai reagir a medidas coercitivas.

Após horas de negociações, não houve acordo entre os ministros sobre a resolução da ONU, e já não há previsão de que a proposta seja votada nesta semana.

O chanceler chinês, Li Zhaoxing, disse na terça-feira que continua se opondo a qualquer resolução que mencione o artigo 7o. da carta da ONU, que abre caminho para futuras sanções e ações militares.

Pouco antes do início da reunião de segunda-feira, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, escreveu ao presidente George W. Bush a primeira carta de um líder iraniano a um governante dos EUA desde a Revolução Islâmica de 1979.

Em 18 páginas, às quais a Reuters teve acesso na noite de segunda-feira, Ahmadinejad acusa os EUA de vários erros e não propõe soluções para o fim da disputa nuclear. Autoridades norte-americanas disseram que o objetivo da carta era desviar a atenção.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]