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A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou nesta terça-feira (22) que o presidente Donald Trump acredita que o Federal Reserve (Fed) – o banco central americano – tem tomado decisões motivadas por “interesses políticos”, e não pelo que seria “melhor para a economia americana”. Segundo ela, o presidente defende que os juros deveriam estar mais baixos para beneficiar os consumidores e estimular o crescimento.
Durante coletiva com jornalistas, Leavitt declarou que “o presidente acredita que eles [o Fed] têm tomado decisões em nome da política, e não do que é certo para a economia americana”. Ela acrescentou que “o presidente tem o direito de expressar sua insatisfação com o Fed e tem o direito de dizer que acredita que os juros deveriam ser mais baixos.”
A crítica direta se soma às recentes declarações públicas de Trump, que vem questionando abertamente a atuação do presidente do Fed, Jerome Powell. Na semana passada, o presidente mencionou inclusive a possibilidade de remover Powell do cargo — o que reacendeu o debate jurídico sobre os limites da autoridade presidencial sobre o banco central.
Por lei, o presidente dos Estados Unidos não pode demitir o chefe do Fed simplesmente por discordar de suas decisões. O mandato do presidente do Fed é de quatro anos, e sua demissão só pode ocorrer por "causa justificada", ou seja, diante de má conduta ou incapacidade comprovada. No entanto, o próprio Trump e aliados têm defendido que, em nome do interesse nacional, o debate sobre essa autonomia precisa ser reavaliado.
Segundo informações da CNN, Leavitt também relatou que conversou com o diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Kevin Hassett, que levantou dúvidas sobre a verdadeira independência da autoridade monetária.
“Hassett colocou em questão a independência do Fed e se eles estão, de fato, agindo pelo interesse da economia ou se estão fazendo isso por motivos partidários”, disse a porta-voz.
As críticas ocorrem em meio a uma política de juros altos mantida pelo Fed, que, segundo Trump, está dificultando o acesso ao crédito.
“Ele [Trump] acredita que os americanos deveriam poder pegar dinheiro emprestado com juros mais baixos do que os atuais”, declarou Leavitt.
Atualmente, o Federal Reserve mantém a taxa básica de juros dos Estados Unidos no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano, conforme decisão tomada em março deste ano. O presidente do Fed justifica a manutenção das taxas de juros elevadas como uma “medida necessária” para conter os efeitos inflacionários das tarifas comerciais impostas pelo governo Trump. Segundo Powell, as tarifas aplicadas pelo governo republicano foram “significativamente maiores do que o esperado” e tendem a resultar em “inflação mais alta e crescimento mais lento” nos EUA, o que pode levar a um cenário de estagflação — uma combinação desafiadora de inflação elevada e crescimento econômico fraco. Diante dessa conjuntura, o Fed decidiu adotar uma postura cautelosa, optando por manter os juros altos para garantir que aumentos pontuais nos preços não se transformem em uma inflação contínua, mantendo assim as expectativas de longo prazo bem ancoradas.
A pressão do governo Trump por uma flexibilização monetária acontece enquanto o presidente trava uma forte disputa comercial com a China e negocia as tarifas impostas contra diversos países no começo deste mês.
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