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Presidente dos EUA, Donald Trump (em primeiro plano) ao lado do presidente russo Vladimir Putin na cúpula de Helsinque, em julho | BRENDAN SMIALOWSKI/AFP
Presidente dos EUA, Donald Trump (em primeiro plano) ao lado do presidente russo Vladimir Putin na cúpula de Helsinque, em julho| Foto: BRENDAN SMIALOWSKI/AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que vai retirar os Estados Unidos do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, conhecido como INF, com a Rússia. Segundo Trump, Moscou violou o acordo. Ele, porém, não deu detalhes sobre sua acusação. "Vamos encerrar o acordo e, em seguida, vamos desenvolver armas", a menos que a Rússia concorde com um novo acordo, disse Trump.

O pacto, assinado em 1987, ajuda a proteger a segurança dos EUA e seus aliados na Europa e no Extremo Oriente. O acordo proíbe os Estados Unidos e a Rússia de possuírem, produzirem ou testarem mísseis de cruzeiro lançados no solo com um alcance entre 500 quilômetros e 5.500 quilômetros.

Trump fez o anúncio neste sábado (20), após participar de um comício em Elko, no estado de Nevada. A ameaça provocou uma demanda da Rússia por explicações, preocupação na Alemanha e um alerta do ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, que assinou o INF com o então presidente americano Ronald Reagan, em 1987. Gavin Williamson, secretário da Defesa do Reino Unido, culpou a Rússia para o impasse.

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Os EUA têm alertado a Rússia que podem recorrer a fortes medidas, a menos que Moscou cumpra os compromissos internacionais de redução de armas sob o tratado, que é considerado um marco que levou ao fim da Guerra Fria. 

Os ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) discutiram neste mês as preocupações de que a Rússia esteja desenvolvendo um míssil balístico de médio alcance. O embaixador dos EUA na Otan, Kay Bailey Hutchison, disse que a não-conformidade da Rússia obrigaria os EUA a igualar suas capacidades de proteger os interesses dos aliados americanos e europeus. 

A OTAN creditou o tratado INF com um papel crucial na garantia de segurança por 30 anos ao acabar com a proliferação de mísseis nucleares de alcance intermediário lançados no solo. 

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton viajou ao leste europeu neste fim de semana. Em Moscou, ele deve encontrar-se com os ministros de defesa e de relações exteriores da Rússia como uma continuação da reunião de Trump com o presidente Vladimir Putin em Helsinque em julho

Repercussão

A Rússia, que repetidamente rejeitou as acusações de violar o tratado da era soviética, espera "explicações substantivas" de Bolton enquanto ele estiver em Moscou, segundo o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov. Por enquanto, a Rússia vê a posição dos EUA como um "ultimato", disse ele. 

Gorbachev disse à agência de notícias Interfax que o plano de Trump é um erro "muito estranho", levantando dúvidas sobre sua sabedoria. O tratado ajudou a acabar com a corrida armamentista nuclear, introduzindo um controle "que não pode ser encontrado em outros documentos", disse Gorbachev, segundo o jornal. "Isso deve ser valorizado". 

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O plano de Trump também está causando nervosismo na Alemanha, local de protestos pela paz no início dos anos 80 contra o posicionamento de mísseis nucleares de alcance intermediário dos EUA para conter a ameaça dos SS-20 soviéticos. O anúncio "levanta questões difíceis para a Europa", disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, em comunicado. Embora a Rússia não tenha dado uma resposta às alegações de violações de tratado, os EUA deveriam "refletir sobre as possíveis consequências" de uma retirada, disse ele. 

"O tratado deve ser mantido para evitar uma corrida armamentista nuclear na Europa", disse Roderich Kiesewetter, membro do comitê de relações exteriores do parlamento alemão, que pertence ao mesmo partido da chanceler Angela Merkel. 

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Já o Reino Unido está de acordo com os EUA em "transmitir uma mensagem clara de que a Rússia precisa respeitar a obrigação do tratado que assinou", segundo o secretário de defesa Williamson. O Reino Unido quer a continuidade do acordo, mas "é a Rússia que precisa colocar sua casa em ordem". 

Trump e Putin podem se reunir no próximo mês em Paris, durante comemorações que marcaram 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial, ou na cúpula do G-20 em Buenos Aires, que começa em 30 de novembro, segundo um funcionário do governo americano.

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