França e Reino Unido anunciaram nesta quinta-feira (12) que participarão da provável ação militar liderada pelos EUA contra o regime de Bashar al-Assad, em retaliação ao ataque com armas químicas que deixou mais de 40 mortos na Síria, no sábado (7). Enquanto os aliados coordenavam sua resposta, o embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, dizia que não "podia excluir" o risco de a ofensiva levar a uma guerra entre seu país e os americanos.
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O presidente francês, Emmanuel Macron, disse ter provas de que o ataque com armas ocorreu e foi conduzido pelas forças de Assad. Em Londres, o gabinete da primeira-ministra, Theresa May, divulgou nota na qual afirmou ser "muito provável" que a ação tenha sido ordenada pelo regime sírio. Houve consenso sobre a necessidade de agir para "aliviar o sofrimento humanitário" e "deter o uso de armas químicas".
No entanto, ainda não há uma data para a realização do ataque. Na quarta-feira, os bombardeios pareciam iminentes, depois de o presidente Donald Trump escrever no Twitter que a Rússia, principal aliada de Assad, deveria "estar pronta" porque os mísseis "estão chegando".
Cautela
Nesta quinta, o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, disse em depoimento no Congresso que ainda analisava dados de inteligência sobre o uso de armas químicas e uma decisão sobre os disparos de mísseis ainda não havia sido alcançada. "Eu não quero falar de um ataque específico que ainda não está pronto", disse Mattis aos parlamentares. O general assumiu o compromisso de notificar os líderes do Congresso antes da ação militar.
Depois da reunião de Trump com sua equipe de segurança nacional, na tarde desta quinta, a Casa Branca declarou que "nenhuma decisão final" havia sido alcançada. Segundo nota da porta-voz, Sarah Huckabee Sanders, o presidente falaria na noite desta quinta com Macron e May para avaliar a situação. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que seu país não participará da coalizão liderada pelos EUA.
Durante a manhã, Trump amenizou o tom de seu tuíte do dia anterior e rebateu as críticas de que havia "telegrafado" suas intenções ao adversário. "Nunca disse quando um ataque na Síria iria ocorrer. Pode ser muito em breve ou não tão cedo", escreveu o presidente no Twitter.
No Congresso, Mattis manifestou preocupação com efeitos colaterais indesejados da eventual ofensiva. "Nós estamos tentando interromper o assassinato de pessoas inocentes. Do ponto de vista estratégico, (a questão) é como evitamos que isso tenha uma escalada que fuja do controle."
O temor é semelhante ao expressado pelo embaixador russo na ONU, que alertou para o risco de uma "escalada perigosa" que coloque seu país em rota de colisão com os Estados Unidos. "Eu espero que não haja um ponto de não retorno, que os EUA e seus aliados desistam de ação militar contra um Estado soberano."
Choque
A Rússia tem presença militar na Síria desde 2015. Depois que Trump anunciou a intenção de retaliar Assad pelo uso de armas químicas, Moscou disse que derrubaria os mísseis americanos, o que pode criar uma situação imprevisível e causar um confronto direto entre os ex-rivais da Guerra Fria. O Irã, outro aliado do regime sírio, também está no país, o que eleva as chances de conflitos indesejados.
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Em seu depoimento, Mattis afirmou que a eventual ofensiva dos EUA e seus aliados será limitada, que o objetivo do governo americano é derrotar o grupo terrorista Estado Islâmico. "Nós não vamos nos engajar na guerra civil", disse.
Alguns analistas acreditam que uma ação limitada não terá efeitos significativos sem uma estratégia mais ampla para a Síria e apontam para o bombardeio realizado pelos Estados Unidos, em abril do ano passado, contra uma base aérea de Assad, também em retaliação a outro ataque químico. Um ano mais tarde, a situação se repete.
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