SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O site WikiLeaks foi bloqueado na Turquia após o grupo responsável por ele anunciar que publicaria quase 300 mil e-mails do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento), do presidente Recep Tayyip Erdogan.
As mensagens, que já estão no ar, foram enviadas de 2010 até 6 de julho deste ano e teriam sido obtidas uma semana antes da tentativa de golpe por uma fonte, que, segundo o WikiLeaks, não estava ligada ao movimento. O grupo disse, contudo, que os e-mails foram divulgados agora “em resposta ao expurgo pós-golpe” por parte do governo.
“Verificamos o material e a fonte, que não está conectada, de nenhuma forma, aos elementos por trás da tentativa de golpe ou a um partido político ou Estado rivais”, diz o WikiLeaks em seu site.
A primeira parte do vazamento envolve 762 endereços de e-mail e 295.548 mensagens que fazem parte do domínio “akparti.org.tr”.
O principal órgão de telecomunicações da Turquia afirmou que uma “medida administrativa” foi tomada contra o WikiLeaks -termo geralmente usado quando um site é bloqueado.
Um alto funcionário do governo disse ao “Guardian”, no entanto, que o conteúdo publicado foi censurado por se tratar de informações roubadas ou obtidas de forma ilegal.
O governo turco já havia bloqueado o acesso a sites e redes que teriam material crítico a ele, incluindo YouTube e Twitter.
REUNIÃO COM MILITARES
Nesta quarta (20), em Ancara, o presidente Erdogan reuniu pela primeira vez, desde a tentativa fracassada de golpe militar, na última sexta (15), as principais autoridades militares e de seu gabinete no conselho de segurança nacional.
Erdogan disse que uma “importante decisão” seria anunciada ao fim do encontro.
Após a tentativa de golpe, o governo já deteve mais de 9.000 pessoas e demitiu dezenas de milhares de professores, policiais e acadêmicos sob a acusação de ter ligação com Fethullah Gülen, o clérigo autoexilado nos EUA acusado por Erdogan de conspiração. Gülen nega envolvimento.
Na quarta, 900 policiais das forças de Ancara foram suspensos. Na terça-feira (19), 1.577 reitores de universidades em toda a Turquia tinham sido afastados de seus cargos. O ministério da Educação também revogou as licenças de 21 mil professores que trabalham em instituições privadas.
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