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A Turquia advertiu nesta terça-feira (24) o presidente da França para que não transforme em lei um projeto que criminaliza a negação de que as mortes de armênios pelos turcos otomanos, há quase um século, tenham sido um genocídio, afirmando que implementará medidas de retaliação contra Paris nesse caso. O Parlamento da França aprovou a lei no fim da segunda-feira, complicando a já delicada relação entre as nações. Autoridades do governo francês insistem que a lei não tem como alvo direto o país.

A Turquia vê as acusações de genocídio como uma ameaça à honra nacional e já suspendeu laços militares, econômicos e políticos com Paris. No mês passado, convocou seu embaixador na França, após a Câmara Baixa do Parlamento aprovar a mesma lei.

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan afirmou que a lei era resultado de uma atitude "racista e discriminatória" em relação à Turquia. Ele afirmou que a Turquia tomará sanções, não especificadas, caso a França confirme o projeto como lei. "Para nós, isso é nulo e vazio", afirmou Erdogan. "Nós nunca perdemos nossa esperança de que ela pode ser corrigida."

Sarkozy, cujo partido apoia a lei, precisa firmar o texto para transformá-lo em lei. Alguns críticos dizem que a lei é encampada por Sarkozy para ganhar votos em ano de disputa presidencial. Há cerca de 500 mil pessoas de origem armênia vivendo na França.

"Como ministro das Relações Exteriores, eu acho que essa iniciativa foi um pouco inoportuna. Mas o Parlamento decidiu assim. O que gostaríamos de fazer hoje pedir a nossos amigos turcos que mantenham sua compostura", afirmou o chanceler Alain Juppé em entrevista ao canal Plus TV.

As relações bilaterais já estão em um momento delicado, em grande parte pois Sarkozy rejeita a entrada da Turquia na União Europeia. O Senado aprovou a lei por 127 a 86 no fim da segunda-feira, com 24 abstenções. A medida estabelece pena de até um ano de prisão e multa de 45 mil euros (US$ 59 mil) para aqueles que negarem ou "minimizarem de maneira ultrajante" o genocídio.

Muitos historiadores afirmam que as mortes de 1,5 milhão de armênios em 1915 pelo Império Otomano foram o primeiro genocídio do século XX, e vários países europeus qualificam os fatos dessa maneira. A Suíça já condenou pessoas por racismo, por elas negarem o genocídio. Já a Turquia afirma que não houve uma campanha sistemática para matar os armênios e que muitos turcos também morreram, na caótica desintegração do império. As informações são da Associated Press.

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