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Uma ampla operação da polícia turca terminou nesta segunda-feira com a prisão de cerca de 50 militares acusados de participarem de um complô para derrubar o governo do país, atualmente sob o comando do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, pelas iniciais em turco), de raízes islâmicas. A ação reascendeu os temores de que uma nova crise política tome conta do país.

"Nossas forças de segurança iniciaram um processo de detenções e até o momento o número de presos é de mais de 40", afirmou em Madri o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante visita oficial à Espanha.

De acordo com a CNN, 49 militares foram presos, dos quais 17 são generais da reserva.

Entre os detidos na operação - que ocorreu simultaneamente em oito cidades - estão Ibrahim Firtina, ex-comandante da Força Aérea; Ozden Ornek, ex-comandante da Marinha; e Ergin Saygun, ex-subcomandante do Estado Maior.

O general Ilker Basbug, chefe das Forças Armadas turcas, adiou uma viagem que faria ao Egito por causa das prisões.

O Exército tornou-se uma espécie de guardião dos princípios seculares na Turquia - implementados por Mustafá Kemal Ataturk há mais de oito décadas - e, desde 1960, já derrubou quatro governos.

A imagem dos militares já foi prejudicada anteriormente, quando o Exército foi acusado de tentar depor o governo de Erdogan, a quem acusa de "enfraquecer" o secularismo no país, de predominância muçulmana.

Os oficiais detidos nesta segunda-feira (22) são acusados de terem vínculos com uma rede ultranacionalista que pretendia semear o caos na Turquia com atentados e assassinatos políticos para assim justificar uma intervenção militar contra o governo de Erdogan.

Segundo a imprensa turca, a trama - negada pelos militares - vinha sendo planejada desde 2003 e tinha como objetivo pôr bombas em mesquitas e museus de Istambul para criar pânico no país.

Outra ação planejada seria o abatimento de um avião de guerra turco para dar início a um conflito armado com a Grécia e desestabilizar o governo.

Desde que as investigações sobre o caso tiveram início, promotores afirmam terem acusado formalmente mais de 400 pessoas, inclusive soldados, acadêmicos, jornalistas e políticos Ninguém, no entanto, foi condenado até agora.

Sob pressão da União Europeia, bloco no qual a Turquia deseja ingressar, Erdogan reduziu o poder dos militares e reforçou as instituições democráticas.

No domingo, o primeiro-ministro anunciou novos planos para reformar o Judiciário e a Constituição, ambos legados do golpe militar de 1980, e disse que poderia levar o caso para referendo

"O Judiciário deveria ser objetivo e independente ao mesmo tempo", disse Erdogan. O AKP, no poder desde 2002, tem votos suficientes no Parlamento de 550 cadeiras para passar um projeto de lei convocando o referendo.

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