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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta terça-feira (22) que está disposto a iniciar negociações diretas com a Rússia, desde que haja um cessar-fogo em vigor. A declaração foi feita em entrevista coletiva concedida antes de uma reunião em Londres com representantes dos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, marcada para esta quarta-feira (23).
Segundo Zelensky, a Ucrânia já apresentou uma proposta para suspender ataques à infraestrutura civil e agora espera uma sinalização clara por parte de Moscou.
“A Ucrânia está pronta para um cessar-fogo incondicional (...). Um cessar-fogo significa nenhum ataque ao nosso território e, consequentemente, nenhuma resposta igual”, afirmou. Ele explicou que, caso a trégua seja parcial, o país também atuará de forma proporcional: “Se não atacarmos o setor energético, não atacaremos o setor energético em resposta. E, consequentemente, se a Rússia não usar armas de longo alcance, a Ucrânia não usará armas de longo alcance.”
O presidente ucraniano disse ainda que sua equipe será encarregada de discutir os termos da trégua e deixou claro que esse é o primeiro passo para uma nova fase diplomática. “Estamos prontos para esta fase (de um cessar-fogo). Também estamos prontos para deixar claro que, após um cessar-fogo, estamos prontos para negociar em qualquer formato para que não haja impasse”, destacou.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se manifestou sobre o tema e declarou que espera fechar um acordo “esta semana”, apesar das divergências ainda existentes entre as partes para alcançar um cessar-fogo e um eventual acordo de paz.
Durante o encontro com a imprensa, Zelensky comentou ainda uma reportagem publicada pelo The Wall Street Journal segundo a qual os EUA aguardam uma resposta da Ucrânia sobre o possível reconhecimento da Crimeia como território russo, além de uma proposta para abandonar as aspirações de ingresso na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O jornal também informou que Washington estaria avaliando a criação de uma zona neutra ao redor da usina nuclear de Zaporizhzhia, atualmente sob controle russo.
Zelensky reagiu com cautela às informações, afirmando que não recebeu nenhuma proposta oficial do governo americano. “São sinais, ideias, visões; você pode chamá-los por nomes diferentes. Mas não são propostas oficiais para a Ucrânia”, disse o presidente.
Ele também reafirmou a posição inegociável de Kiev sobre a Crimeia. “A Ucrânia não reconhece legalmente a Crimeia como russa (...). É nosso território, território do povo ucraniano. Isso não vai acontecer, acredito que já declaramos isso em relação a qualquer território temporariamente ocupado. E a Constituição ucraniana estipula isso”, enfatizou.
Sobre a adesão à Otan, Zelensky voltou a defender o direito soberano de seu país de decidir sua política externa sem interferência de potências estrangeiras. “Ninguém, exceto os aliados, tem o direito de vetar a adesão da Ucrânia à aliança”, disse.
