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O relatório final da Comissão Nacional sobre os Ataques Terroristas contra os EUA, que investigou os ataques de 11 de setembro de 2001, indicou uma série de oportunidades perdidas pelos governos de George W. Bush e Bill Clinton de detectar ou atrapalhar os seqüestros dos aviões, mas, como no caso do relatório do Reino Unido, divulgado ontem, não chegou a concluir que os atentados poderiam ter sido evitados.

De acordo com o relatório americano, divulgado em julho de 2004, as chances perdidas incluíam o erro da CIA de não adicionar os nomes de dois seqüestradores a uma lista de terroristas vigiados; o modo como o FBI lidou com a prisão, em agosto de 2001, de Zacarias Moussaoui, que pretendia participar dos atentados e recentemente foi condenado à prisão perpétua; e diversas tentativas frustradas de matar ou capturar o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.

O documento assinalou as dificuldades das agências de inteligência americanas para reunir elementos a fim de traçar um quadro claro da ameaça terrorista. Além disso, disse que a relação da al-Qaeda com o Irã e o Hezbollah - grupo que teria financiamento do governo iraniano - era muito mais forte e duradoura do que com o Iraque. A comissão não encontrou prova algumade que o Iraque tenha colaborado com a al-Qaeda nos ataques, como indicava Bush em seus argumentos para derrubar Saddam Hussein.

A comissão afirmou ainda que o plano inicial da al-Qaeda era usar dez aviões seqüestrados em atentados nas costas leste e oeste dos EUA, atingindo, entre outros alvos, a Casa Branca, as sedes do FBI (polícia federal americana) e da CIA (Agência Central de Inteligência), usinas nucleares e os edifícios mais altos da Califórnia e do estado de Washington.

Numa das cenas descritas por investigadores, ocorrida em 6 de agosto de 2001, Bush passou os olhos sobre um informe que o então diretor da CIA, George Tenet, entregara-lhe minutos antes e, em tom hesitante, perguntou:

- É isso mesmo?

Tenet balançou a cabeça afirmativamente. O título do documento era "Bin Laden está determinado a atacar nos EUA". O texto afirmava que a al-Qaeda preparava ações terroristas em território americano desde 1997 e já tinha estrutura de apoio dentro do país. Ainda assim, Bush insistiu:

- Esse cara vai atacar aqui?

Integrada por cinco democratas e cinco republicanos, e presidida pelo republicano Thomas Kean, a comissão foi criada no fim de 2002 pelo Congresso americano para esclarecer as circunstâncias do 11 de Setembro e fazer recomendações para impedir novos atentados. Entrevistou mais de dez mil pessoas em dez países. Testemunharam funcionários públicos federais, estaduais e locais, bem como Bush, o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, e a então conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice.

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