Díli O Prêmio Nobel da Paz José Ramos-Horta caminhava ontem para uma vitória esmagadora na eleição presidencial de Timor Leste, segundo dados divulgados pela comissão eleitoral. Apurados cerca de 90% dos votos do segundo turno da eleição presidencial, o atual primeiro-ministro interino do país contava com aproximadamente 73% dos sufrágios, ou 273.685 votos, segundo Maria Angelina Sarmento, porta-voz da comissão. O seu adversário, o ex-guerrilheiro Francisco Guterres ficou com aproximadamente 27% dos votos. Autoridades calculam que 80% dos 524 mil eleitores compareceram às urnas.
"Estou pronto para ser presidente agora, e cumprirei minhas promessas de resolver a crise e o problema dos refugiados. Trabalharei pelos pobres e vou curar as feridas do país. Mas não comemorarei a vitória, porque serão cinco anos de duro trabalho. Não é motivo para comemorar", disse Ramos-Horta. Ele afirmou que só declarará vitória quando for divulgado o resultado oficial, hoje.
Segundo o representante da ONU Atul Khare, a eleição foi tranqüila e sem intimidações. Um porta-voz de Guterres disse que ele aceitaria o resultado. "Em uma democracia, quem obtém a maioria dos votos vence", afirmou Harold Moucho.
Ramos-Horta, um ex-jornalista de 57 anos, também prometeu colaboração estreita com a comunidade internacional. "Vou acelerar o desenvolvimento econômico, trazer investidores externos e trabalhar para erradicar a pobreza nesta nação", disse. Cerca de 50% dos timorenses estão desempregados e 60% das crianças com menos de cinco anos estão subnutridas.
O país viveu uma onda de violência no começo do ano, depois da demissão de 600 soldados amotinados no oeste do território. Militares estrangeiros foram trazidos para restaurar a ordem, mas 30 mil pessoas continuam em campos de refugiados ao redor de Díli, temerosos de voltar para casa.
A vitória de Ramos-Horta significa um derrota esmagadora para o partido rival, a Frente pela Libertação de Timor (Fretilin), grupo político do qual Horta fez parte até a década de 1980.



