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O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro| Foto: Reprodução / Twitter / Nicolás Maduro

A rede de televisão americana Univision Noticias divulgou na noite de quinta-feira (30) um trecho da entrevista feita pelo jornalista Jorge Ramos com o ditador da Venezuela Nicolás Maduro, em 25 de fevereiro de 2019, no Palácio de Miraflores, em Caracas. O vídeo havia sido confiscado por Maduro, que se irritou com as perguntas de Ramos, encerrou a entrevista e ordenou que o jornalista fosse deportado.

A Univision, que é voltada para a comunidade hispano-americana, recuperou o vídeo de 17 minutos de duração. A entrevista já começa tensa, com o jornalista dizendo a Maduro que ele não é o presidente legítimo. “Para eles [o Parlamento, de oposição], o senhor é um ditador. Como devo lhe chamar?”, pergunta Ramos. O líder do chavismo, então, agita um exemplar da Constituição venezuelana e afirma que ele deve ser chamado como diz a Constituição. “Eu me chamo Nicolás, tenho apenas um nome: Nicolás Maduro Moros. Sou um trabalhador, um homem simples, pelo voto popular fui eleito e reeleito. Então, bem, cabe a você como você quer me chamar”.

Em outro momento, Ramos entrega ao ditador uma lista com os nomes de 400 dos 989 presos políticos que organizações não governamentais estimam existir na Venezuela. “Leve o seu lixo, compadre”, reage Maduro, se referindo à lista, e dizendo que não há presos políticos no país. “Você vem me provocar. Vai engolir a sua provocação. Vai engolir com Coca Cola a sua provocação”, respondeu Maduro.

Em seguida, Ramos lista o nome de pessoas que foram mortas pelas forças armadas do regime chavista, algumas menores de idade. Maduro se irrita e diz que o âncora "não joga um jogo limpo como jornalista".

“Você tem que ser um pouco mais equilibrado”, disse Maduro a Ramos. “Você tem uma posição contra a revolução bolivariana. É um opositor de direita que vive nos Estados Unidos, muito antirrevolucionário. Não é apenas um jornalista, Jorge”, continuou.

Em outro momento, o ditador começa a falar sobre o nível de proteção e segurança social que os venezuelanos têm. Ramos então diz que vai mostrar a ele um vídeo que havia gravado no dia anterior, que mostra três jovens venezuelanos procurando comida em um caminhão de lixo. A rede ainda não divulgou a continuação dessas imagens, mas de acordo com os relatos do âncora é nesse momento que Maduro encerra a conversa.

Agentes de segurança confiscaram as quatro câmeras e os cartões de memória da equipe, nos quais estava gravada a entrevista. Ramos e a produtora María Martínez foram levados a uma sala, onde os seguranças pediram ao jornalista que entregasse seu celular. Quando ele se recusou a fazê-lo, os agentes tomaram o aparelho e os demais pertences de Martínez, revistando os dois em seguida. No dia seguinte, eles foram expulsos do país.

O celular foi devolvido com o conteúdo apagado.

Segundo a emissora de televisão, o vídeo foi recuperado "graças a um vazamento". Jorge Ramos disse em entrevista na quinta-feira que "fontes confidenciais" o devolveram o material.

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